Quem diz do viajante é a bagagem que leva, nos ensina Câmara Cascudo, referindo-se à herança brasileira da culinária lusitana. Portugal nos legou muito de sua fauna trazendo em suas naus vacas, bois, touros, bodes, cabras, cabritos, carneiros, porcos, galinhas, galos, pombos, patos, gansos, o cachorro, entre outros animais. O peru era nativo. De sua flora trouxe a cana-de-açúcar, o trigo, o arroz, a parreira de uva, os figos, a romã, a laranja, a lima, o limão, o melão, a melancia, o coqueiro, etc.
História e Memória
Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
Durante as minhas pesquisas, não pude me furtar de fazer algumas recolhas sobre os hábitos alimentares em Nova Friburgo e região norte-fluminense, sempre que surgia uma fonte que fazia alusão a esse objeto. Apresento nesse artigo o fruto de um incipiente trabalho que será mostrado como um quebra-cabeça, reunindo peças de situações cotidianas como reuniões familiares, viagens e igualmente abrindo as despensas das residências, vasculhando as cozinhas e observando os seus quintais.
No final do século XIX, os veranistas permaneciam em Nova Friburgo durante seis prolongados meses, chegando à cidade em novembro e retornando ao Rio de Janeiro aproximadamente em maio. Mas por que permaneciam tanto tempo na cidade serrana? Esse fenômeno ocorria em função da febre amarela que grassava no verão, no Rio de Janeiro, exatamente no período mencionado. Quem tivesse condições abandonava a então capital federal se deslocando para as cidades serranas. Igualmente, alguns cariocas se mudavam para bairros como o de Santa Teresa.
A posposta dessa coluna sempre foi a história de Nova Friburgo, mas não podemos nos furtar de mencionar uma região com tão rica história, no qual Nova Friburgo não pode se dissociar. De Itaboraí a Cantagalo, nos parece, era uma região administrativa única, sendo que o Centro-Norte fluminense era denominado de "Sertões do Macacu”, ocupado apenas por índios e o leste, que compreende Itaboraí, ocupado por índios e luso-brasileiros, desde o século XVI. E tudo se iniciou com a vila de Santo Antônio de Sá, antigo Cacerebu.
E o friburguense saiu do Facebook e foi para as ruas. Não ficamos à margem do grande movimento social que envolveu todo o país. Iniciado com a revolta do "vintém”, ou melhor, o aumento de vinte centavos na passagem do ônibus, esse acontecimento acarretou uma verdadeira catarse nacional. O gigante povo brasileiro, deitado em berço esplêndido, soltou o seu grito do Ipiranga, colocando na pauta de reivindicações temas como corrupção, saúde, educação, transporte público, melhoria do judiciário, entre outros.
Durante séculos, o Oriente Médio foi dominado pelo Império Turco-Otomano (de 1299 a 1922). Porém, com o fim da Primeira Guerra Mundial, esse império se desfez dividindo-se em 40 países. Os árabes, sob a dominação turca, viam na emigração uma alternativa para sair do jugo dos turco-otomanos. Professando a fé islâmica, os turcos perseguiam notadamente os árabes cristãos e em razão disso prevalecia a emigração de árabes libaneses formada por maioria cristã. O destino principal foi a América, e como os italianos, os árabes imaginavam estar emigrando para os Estados Unidos.
A data era 13 de maio de 1888, dia da libertação dos escravos. Era o fim de três séculos e meio de escravidão no Brasil. Na vila de Nova Friburgo era realizada uma sessão de júri, no qual participavam vários fazendeiros da região, inclusive da freguesia de São José do Ribeirão. Essa freguesia era a mais próspera do termo de Nova Friburgo, grande produtora de café e consequentemente com o maior plantel de escravos. Ecoa célere na vila a notícia da libertação dos escravos. Uma "pretinha” saiu esbaforida de uma residência gritando: "Num vô fazê a janta! Num vô fazê a janta!
Foi em razão do Colégio Anchieta que Mário Saraiva conheceu Nova Friburgo. O sonho de seu pai era internar os filhos no vetusto casarão, que sob rígida disciplina "enjaulava” os alunos durante nove meses. A fama do Colégio Anchieta rivalizava com o do Caraça, em Minas Gerais. Teciam-se muitos encômios ao Colégio Anchieta, pois além da boa formação, os alunos tinham aulas de teatro, música, esgrima e passeios a cavalo.
Durante os primeiros anos da instalação dos suíços em Nova Friburgo, é possível encontrar uma significativa correspondência entre José Bonifácio de Andrada e Silva e a direção da colônia. Muitos historiadores atribuem a ele a condução razoavelmente pacífica do processo de independência do Brasil e de ter evitado o desmembramento das províncias da futura nação. José Bonifácio não foi somente um orientador político do jovem Pedro I. Acompanhava-o na boemia e costumava terminar a noite dançando lundu, uma dança tipicamente africana.