NOVA FRIBURGO: CIDADE SALUBRE
Parte III
História e Memória
Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
Transcorridos mais de três séculos de escravidão no Brasil, o trabalho na lavoura, assim como outras atividades laborais, estava associado ao trabalho escravo. O homem livre e pobre, ainda que em estado de miserabilidade, não realizava determinados trabalhos por serem tarefas executadas por escravos. No inconsciente coletivo, homem branco não realizava trabalho de "preto”. Em princípios do século XIX, a Coroa Portuguesa inicia o estabelecimento de colônias pelo Brasil, sendo Nova Friburgo a timoneira entre elas.
Na semana passada discorremos sobre a formação do município de Bom Jardim, que se desmembrou da Magna Cantagalo por conta da retaliação que sofreu esse município monarquista por parte dos republicanos. Destacaram-se na República Velha, em Bom Jardim, os coronéis Luiz Corrêa da Rocha Sobrinho, Eugênio José Erthal e Antônio José Maria Monnerat. Porém, a liderança política era do coronel Luis Corrêa da Rocha Sobrinho (1863-1947), descendente de um dos primeiros sesmeiros da região.
Nas primeiras décadas da instalação da vila de Nova Friburgo, no século XIX, muitos agricultores migraram para o vale do rio Grande em busca de terras menos frias e próprias para o plantio do café. Essa migração daria origem a um povoado nas margens do ribeirão de São José, que seria elevada em 1857, de curato a freguesia de São José do Ribeirão, pertencendo ao termo de Nova Friburgo. Pode-se afirmar que com o plantio do café em larga escala em São José do Ribeirão essa freguesia tornar-se-ia a mais próspera de Nova Friburgo.
A administração municipal de Nova Friburgo se inicia com a fundação da vila em 1820. De início era realizada pela Câmara Municipal, que possuía poderes administrativos, legislativos (elaboração das posturas municipais) e até mesmo judiciais, por intermédio de dois juízes ordinários. As câmaras municipais perderam a jurisdição contenciosa em 1828, o que foi considerado um grande golpe contra os caudilhos locais que compunham esse órgão.
Na matéria da semana passada, discorremos sobre os editoriais da imprensa de Nova Friburgo, em fins do século XIX, queixando-se de desocupados e capoeiras que grassavam pela cidade. De acordo com a imprensa local, chegavam diariamente de trem a Nova Friburgo, da capital federal, os "amigos do alheio”, infestando a cidade de vagabundos.
"Não só nesta cidade, como em vários pontos deste município avulta um número de indivíduos sem ocupação, verdadeiros vagabundos, e que podem ser aproveitados no serviço da lavoura ou outros de onde possam tirar meios de subsistência, sem incomodar ao próximo”(O Friburguense, editorial "A Polícia”, 30/04/1893). De acordo com o periódico, havia em Nova Friburgo uma horda de "vagabundos”, de ambos os sexos, que passavam os dias em casas de negócio, encostados nos balcões ou sentados sobre barris, discutindo e embriagando-se.
Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), 683 produtores cultivam flores e plantas ornamentais em 950 hectares no estado do Rio de Janeiro. O setor movimentou R$470 milhões em 2012, gerando 17,6 mil empregos. A locomotiva do crescimento é Nova Friburgo, que responde por 40% da produção fluminense e perde apenas para Holambra, em São Paulo. (O Globo, de 15 de setembro de 2013, Caderno "Rio”, "Flores dão colorido à economia do interior”.) A localidade de Nova Friburgo onde se cultivam essas flores é Vargem Alta, que faz parte do distrito de Lumiar.