O clube social Nova Friburgo Country Club já pertenceu a duas importantes famílias na história da cidade: Os Clemente Pinto (Barão de Nova Friburgo) e os Guinle. A residência do Parque São Clemente, em estilo chalet, foi construída na década de 1860, pelo Barão de Nova Friburgo. Em sua área de 3,87km², a chácara possuía pomar, lagos, jardins, repuxos, casa para morada do administrador e dos empregados, casa do hospital, senzala, escravos, paiol, estrebaria, moinho, gado bovino e criação de porcos, nos informa Luiz Fernando Folly.
História e Memória
Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
Exatamente hoje, 13 de fevereiro, a Fábrica Ypu de tecidos e couro será leiloada na Vara do Trabalho desse município. Trata-se de um complexo industrial com 305 mil metros quadrados, 30 mil metros quadrados de área construída, onde funcionava a fábrica, uma extensa área verde e um núcleo residencial com 30 casas distribuídas em três alas, a maioria habitada. O complexo industrial foi avaliado em R$28 milhões. Os friburguenses assistem, mais uma vez, um dos gigantes da indústria ser leiloado, ou mesmo arrendado, como foi o caso de outro grande complexo industrial, a Fábrica de Rendas Arp.
Há um tempo atrás, recebi a generosa doação de um exemplar do "Correio de Cantagallo”, de 15 de dezembro de 1881. Na matéria de hoje, compartilho com o leitor a deliciosa leitura desse documento histórico. Esse periódico era publicado às quintas-feiras e aos domingos, estando em circulação há dez anos no município de Cantagalo. Apenas para contextualizar, Cantagalo, outrora berço dos barões do café do Centro-Norte fluminense, era, nessa ocasião, um município em decadência, devido à decrescente produtividade de suas lavouras de café.
O Brasil tinha tudo para se transformar em vários países, fragmentado. A vasta extensão territorial, as diferenças regionais e as divergências políticas e ideológicas favoreciam a divisão. Mas isso não ocorreu, o que intriga até hoje os historiadores. Uma das respostas foi que a criação da nobreza da terra favoreceu a unidade nacional, estrategicamente iniciada na época joanina, prosseguindo durante o Império, com D. Pedro II, no qual se concedia títulos de nobreza aos fazendeiros luso-brasileiros.
Uma das fontes para a reconstituição histórica da presença indígena em Nova Friburgo e no Centro-norte fluminense se faz através de impressões de pessoas que com eles tiveram algum contato, ainda que efêmero. A região fluminense do médio Paraíba era conhecida como Sertões do Macacu, no qual pertencia Nova Friburgo. Há registro da presença das tribos Coroados, Puris e Coropós. As denominações Macuco e Itaocara são referências da presença indígena nessa região.
Nessa semana faz três anos da tragédia que se abateu sobre Nova Friburgo e toda a Região Serrana. Esse sinistro nos traz a lembrança de diversos episódios individuais, dramas familiares, narrativas que somadas nos dão a dimensão de como tudo foi muito pior do que se imaginava e se noticiou na mídia. Recorrendo a essas histórias individuais me lembrei do ocorrido com o ex-prefeito Paulo Azevedo, que foi vítima de uma fatalidade. Um barranco caiu sobre a sua residência, no Campo do Coelho, zona rural de Nova Friburgo, matando-o de imediato.
A história de Nova Friburgo tem características que tornam interessante o processo de sua formação social. O município surge desmembrado da Magna Cantagalo para dar início a um "burgo”, a Nouvelle Fribourg, e instalar os colonos suíços, em sua maioria originários do Cantão de Fribourg, daí a origem de nome, Nova Friburgo. Normalmente uma localidade recebia o status de vila após a formação de um núcleo populacional e econômico que justificasse tal ereção. Passava-se pelo processo de capela, curato, freguesia, para finalmente se tornar uma vila, por concessão de El Rey.
A sociabilidade, suas formas e espaço evoluíram ao longo da história da humanidade. No caso do Brasil, os latifúndios isolaram o homem impedindo-lhe a sociabilidade. Como diz Oliveira Viana, dispersos e isolados na sua desmedida enormidade territorial, os domínios fazendeiros são forçados a viver por si mesmos, de si mesmos e para si mesmos. O latifúndio isola o homem, o dissemina, o absorve. É essencialmente antiurbano. Nesse insulamento que ele impõe aos grupos humanos, a solidariedade vicinal se estiola e morre.