No século XIX, os cemitérios eram considerados pelos médicos higienistas como os responsáveis por diversas doenças, devido ao contato com a terra “corrupta” desses locais. O primeiro cemitério no perímetro da vila de Nova Friburgo localizava-se onde hoje fica o prédio da maçonaria, na Rua Sete de Setembro. Há informação de que numa reforma realizada há alguns anos atrás no prédio da maçonaria, foram encontradas ossadas dos primeiros habitantes da vila. Em 1846, a Câmara resolveu mudar a localização do cemitério da Rua Sete de Setembro.
História e Memória

Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
No dia 20 do corrente mês é comemorado o Dia Nacional de Consciência Negra no Brasil. Para tanto, preparei uma série de três matérias sobre a escravidão em Nova Friburgo. Além do ensaio de hoje, incluirão os títulos “A História do Quilombo de Macaé” e “O Mito da Igualdade Racial”.
No princípio do século XIX, os suíços foram cooptados para fundar uma colônia no Brasil, objetivando-se fundamentalmente a produção de alimentos, à margem da economia nacional baseada na monocultura e na mão de obra escrava sobre o latifúndio. No entanto, como algumas datas de terra distribuídas não eram úberes, muitos suíços abandonaram o Núcleo Colonial e procuraram terras mais produtivas. Na ocasião em que os colonos buscaram essas novas terras, há um interessante episódio envolvendo os suíços e os quilombolas.
Resolvi interromper a programação de matérias que fiz sobre a escravidão em Nova Friburgo, por um motivo louvável. Recebi um comentário do professor de história da UFF e pesquisador sobre a escravidão em Nova Friburgo, professor Jorge Miguel Mayer, e não posso deixar de tornar público ao leitor de A VOZ DA SERRA a posição desse ilustre historiador sobre a história do quilombo de Macaé de Cima.
Quando se reconhece na história do Brasil um indivíduo de grande fortuna, pode-se praticamente supor que fosse um traficante de escravos, em virtude dos imensos lucros que tais transações alcançavam. Quando foi oficialmente extinto, em 1850, o tráfico de escravos no Brasil, o volume de capitais empregados no tráfico era de tal monta que imediatamente surgiu o Código Comercial para regulamentar a febre de negócios provocada pela liberação de capitais até então aplicados exclusivamente na compra e venda de escravos.
Gilberto Freyre, não obstante a genialidade de sua obra sobre a história do Brasil, adocicou com o açúcar colonial as relações raciais em nosso país, descrevendo um idílico cenário de democracia racial brasileira. Freyre argumentava que a distância social, no Brasil, fora resultado muito mais de diferenças de classe do que de preconceitos de cor ou raça.
Pode causar estranheza, mas muitas vezes os historiadores se valem de fontes que o senso comum pode até considerar bizarro, mas que fornecem ao pesquisador material suficiente para se reconstituir as relações familiares, as mentalidades, as visões de mundo, o comportamento, entre outras informações. Assim o fez o historiador francês Philippe Ariès em dois volumes de sua obra O Homem perante a Morte, um clássico no tema.
O ano era o de 1964. César Lívio (06/01/1943) era estudante secundarista do Colégio Municipal Rui Barbosa do turno da noite. Saindo do trabalho na fábrica Filó, dirigiu-se ao Colégio Rui Barbosa e, como fazia sempre, tomou o mingau que era oferecido aos alunos enquanto esperava no pátio da instituição o início da aula. Mais um dia na rotina de César Lívio entre o trabalho e o colégio. No entanto, aquele não foi um dia de aula qualquer. Foi um dia atípico. Antes mesmo do início das aulas, um jeep do Exército estacionou em frente ao colégio, saindo seis soldados dele.
Nova Friburgo, no final do século XIX, vivia a sua belle époque. As epidemias frequentes de febre amarela que a todo verão assolavam o Rio de Janeiro, fazia com que os cariocas migrassem para Friburgo e aí permanecessem até que cessasse a epidemia. Mas o que tem a ver a belle époque com epidemias de febre amarela? Ora, naturalmente migravam para Nova Friburgo os cidadãos cariocas mais abastados, que chegavam a permanecer seis meses na cidade, incrementando a sua vida social. Este público atraía, igualmente, inúmeras companhias teatrais e os melhores circos da época.
Este ano comemora-se o centenário do nascimento do grande compositor carioca Noel Rosa, nascido em 11 de dezembro de 1910, no Rio de Janeiro. Nada mais oportuno que falar de Noel Rosa neste momento em que passa o Rio Janeiro, onde as elites cariocas finalmente derrubam os muros da “cidade partida”, como definiu Zuenir Ventura, e o poder público volta sua atenção às comunidades das classes populares do Rio Janeiro. Noel Rosa já se antecipara nessa vinculação entre o asfalto e o morro.