Amanhã, dia 15, é dia do professor e nada mais pertinente do que falar sobre a educação no passado. Para tanto, seguem as memórias de algumas senhorinhas que nasceram na década de vinte do século passado. Em princípios do século XX, no currículo das alunas do curso Normal havia aulas de português, matemática, geografia nacional, história do Brasil e geral, história sagrada, catecismo, pedagogia, puericultura, psicologia, sociologia, moral e civismo, trabalhos manuais, higiene escolar e economia doméstica. Aprenderam canto orfeônico, tinham aulas de ginástica e até mesmo de teatro.
História e Memória
Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
A turma do Galeria-Bar tinha mesa cativa no bar da Galeria União. Suas estripulias foram lembradas pelo memorialista Carlos Bini, que era uma espécie de líder do grupo, no livro A Turma do Galeria-Bar. Era um grupo de rapazes de classe média, que se reunia quase todas as noites no bar da Galeria União. Depois de se inflarem de bebida alcoólica, pois nenhum deles usava drogas, faziam planos para infernizar a vida dos moradores da cidade nas madrugadas frias de Nova Friburgo. Não faziam o estilo da geração “beat”, a exemplo de Jack Kerouac.
A guerra, as fábricas e o trem no cotidiano da cidade
Nascida na Alemanha em 23 de janeiro de 1918, Brigitte Schlupp veio para o Brasil no início da década de 1920. Sua família se instalou inicialmente na Bahia, mas logo se mudaram para o Rio de Janeiro. Da Bahia, se recorda de uma história que a mãe lhe contara. Certa feita, sua mãe a mandou ir à rua para comprar pão. Tinha aproximadamente cinco anos de idade. Uma mulher negra lhe pegou pela mão e a conduziu à sua casa, advertindo sua mãe: “Não se pode deixar uma menina branca ir sozinha na rua. Isso não é costume”.
Quem nunca teve a curiosidade em ver os presentes de uma noiva? Quais foram os presentes e quem deu o quê? Bem, acredito que a curiosidade aumente ainda mais quando se trata de um casamento realizado há oitenta anos atrás, em 1929. Trata-se do enlace da filha do deputado federal e importante político local Galdino do Vale Filho, Sylvia Veiga do Valle, com Alair Accioli Antunes. Antes de relacionar os presentes, vamos analisar algumas práticas da época retiradas tão somente dessa lista, cujos fragmentos podem nos dar pistas do comportamento da elite no passado.
Em 1824, colonos alemães migraram para o recém criado termo de Nova Friburgo. Sessenta e oito anos depois, ocorreria uma segunda onda migratória de alemães, ainda estimulada pelo governo. Já no primeiro decênio do século XX, um grupo de empresários alemães investiu em indústrias de grande porte, transformando Nova Friburgo em uma cidade industrial. Havia no município a Sociedade Alemã de Nova Friburgo e igualmente a Sociedade Alemã de Escola e Culto, esta última com estatuto próprio, cuja sede ficava na Estrada do Reservatório.
Monteiro Lobato publicou um conto em 1906 intitulado Cidades Mortas, descrevendo a decadência das cidades outrora opulentas do Vale do Paraíba Fluminense. Lobato escreveu: “Ali tudo foi, nada é. Não se conjugam verbos no presente. Tudo é pretérito”. Muitos habitantes dessas cidades mortas migraram para municípios mais prósperos, como o caso de Nova Friburgo que se tornou um ponto de convergência e referência educacional e cultural de inúmeras cidades do Norte fluminense. Vamos nos limitar a um único exemplo que serve de parâmetro para outros municípios.
Cidade privilegiada do estado do Rio em decorrência de suas excepcionais condições climáticas, uma das mais aprazíveis e lindas estâncias brasileiras, era assim considerada, desde o início do século XIX, a vila de Nova Friburgo. No centenário da independência do Brasil, em setembro de 1922, assim se descreveu Friburgo no álbum do estado do Rio de Janeiro: “a pureza do ar, a temperatura amena, a superioridade da água, fazem de todo o município um inigualável sanatório”.
A revolução de 1930 surgiu para derrubar a República Velha, cujo poder político se concentrava nas mãos das oligarquias estaduais, que tinham como base aliada local a figura dos coronéis. Em Nova Friburgo, Galdino do Vale Filho defendia essa oligarquia e quando a Revolução de 1930 eclodiu, ele foi perseguido por Getúlio Vargas. Saiu de Friburgo e se exilou fora do país.
Não posso me furtar a estabelecer um diálogo com a matéria “Nova Friburgo e sua porção francesa”, elaborada por Girlan Guilland, secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Friburgo. A matéria é uma espécie de “considerações preliminares” para justificar o decreto n°179/2009, em que o município passa a reconhecer a influência francesa na sua formação social e na história local.
Como disse na semana passada, a Marinha desejava estabelecer em Friburgo uma enfermaria para cura de seus oficiais e praças acometidos por beribéri. Para tanto, iniciou negociações para aquisição do Instituto Hidroterápico que havia em Friburgo. No entanto, Rui Barbosa, veranista habitué em Friburgo, fez uma brilhante defesa contra a instalação de um hospital do coração da cidade salubre.