Na semana passada fui convidada pela Associação de Engenheiros e Arquitetos para participar do programa Hora Técnica, exibido na TV Zoom. O assunto foi sobre as praças, contando com a presença do arquiteto Luiz Cláudio, responsável pelo projeto urbanístico das praças da cidade. A mencionada associação conta atualmente com um presidente, José Augusto Spinelli, que para nossa sorte gosta de história e por isso o assunto “praça” foi abordado numa linha de tempo passado e presente.
História e Memória
Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
Quando o naturalista alemão Hermann Burmeister visitou Nova Friburgo, em 1851, impressionou-se que uma vila tão pacata tivesse um estabelecimento educacional de alto nível, “à altura dos melhores existentes no país”. Tratava-se do Instituto Colegial Freese, do inglês John Henry Freese, fundado em 1841, um precursor de outros colégios, a exemplo do Colégio Anchieta, que formou a elite política e profissionais liberais do Império.
Desde a sua inauguração em 30 de junho de 1910, o Sanatório Naval dedicava essencialmente sua prestação de serviço à cura do beribéri de seus oficiais e praças da armada. Não obstante estar no regulamento do Sanatório Naval de Nova Friburgo o tratamento de tuberculosos desde a sua implantação, até então a prioridade fora o beribéri. No entanto, a partir do ano de 1933, a prioridade voltara-se para outra doença: a tuberculose. Em 18 de fevereiro de 1936, foi inaugurado o Hospital de Tuberculosos. Desde então, os oficiais e praças da Marinha passaram a levar a alcunha de H.T.
"As bichas grandes do Dr. E. Bouchard, único depósito das verdadeiras bichas Hamburguesas” é um anúncio que pode ser encontrado no jornal O Nova Friburgo de 12 de junho de 1904. Para o leitor que queira se divertir passando uma vista d´olhos nos anúncios dos jornais do início do século XX, disponíveis no site D. João VI, talvez esse anúncio cause estranheza. Mas afinal o que eram bichas naquela época?
Como era o Natal em Nova Friburgo no final do século XIX? Foi graças ao saudosismo de Henrique Zamith, que viveu a sua infância e juventude na Friburgo fin-de-siècle, que hoje podemos conhecer o cotidiano, no Natal, de uma típica família friburguense oitocentista daquela época. Sua crônica evoca um passado onde havia ainda os resquícios da escravidão, há pouco extinta, onde a cozinha era comandada pelas outrora negras cativas.
Parte V
Como foi o final do século XIX, o fin-de-siècle, como se dizia à época, e a chegada do século XX? Se o século XIX fora tão promissor, imagine o que não aconteceria no seguinte? O século XIX foi um período histórico de grandes transformações tecnológicas e científicas. A urbanização e a vida social ganha impulso nas principais capitais da Europa, como em Paris e Viena, o que lhe valeu o título, ao final do século, de a belle époque. Quer conhecer bem o século XIX? Leia a trilogia do historiador inglês Eric Hobsbawm.
Depois de narrar a trajetória do Sanatório Naval em Nova Friburgo, vale a pena a transcrição de alguns trechos da brilhante defesa de Rui Barbosa, que impediu que o Sanatório Naval se implantasse no centro da cidade. Não fosse Rui Barbosa, o Sanatório Naval estaria atualmente no coração da cidade, instalado onde é o Colégio N.S.das Dores e completando 119 anos em Friburgo e não, o seu centenário.
O apartamento da tia Maria é um túnel do tempo. O mobiliário de jacarandá é uma verdadeira preciosidade. As fotografias na parede mostram que tudo ali é passado e que o presente é algo secundário. É realmente impossível entrar no apartamento da tia Maria e não viver aquela época. Na hora do chá, entre os acepipes, as doces memórias da Friburgo dos anos quarenta, do século XX: “Toda donzela tem um pai que é uma fera, assim éramos nós.” Esta frase foi seguida com uma gostosa conversa sobre a moral e o comportamento daquela época.