Recebi um e.mail de um amigo carioca que me escreveu dizendo que na semana passada, lembrou-se muito do meu livro sobre a história de Friburgo. Ele se sentia como os cariocas do final do século XIX: ávidos por saírem no verão do Rio de Janeiro e pegarem o primeiro trem para Nova Friburgo. Estando em Friburgo, senti uma profunda comiseração por este meu infeliz amigo carioca. Os termômetros no Rio estão marcando 49 graus, mas a sensação térmica vai além de 50 graus.
História e Memória

Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
Na matéria de hoje relato uma situação que ocorreu no Carnaval de Nova Friburgo, no início do século XX. Apesar da violência do fato, não deixa também de ser jocoso. Trata-se de um carnaval de rua, onde participava o ‘Zé-Povinho’, palavras da época, que se divertia a fartar na Rua do Arco, à época denominada Beco do Arco. Até hoje temos a rua com este nome. No passado, era onde moravam as classes populares, com casas do tipo meia-água, estreitas e geminadas.
O que tanto fazia D. Pedro II em Nova Friburgo? Há o registro de diversas passagens do Imperador à cidade. De acordo com a ata da Câmara de 1868, Nova Friburgo recebeu a visita de Sua Augusta Majestade Imperial nesse ano. Essa notícia é confirmada pelo jornal O Nova Friburgo, de 1935, onde a princesa Izabel escolheu a Cascata Pinel para oferecer à embaixada chilena uma “festa campesina”, contando com a presença do ilustre imperador, d. Pedro II, e do marido da princesa, o conde d’Eu.
"Acho que todas as pessoas deveriam escrever a história de suas vidas. Não para publicar, é óbvio, que isto é para os sábios, artistas, heróis....mesmo porque, quem é que iria se interessar pela obscura vida desta humilde filha de Deus que se chama Yolanda Brugnolo Lívio Barilari Bizi Cavalieri d´Oro?" Este pensamento de Yolanda, de que somente os grandes acontecimentos históricos, a exemplo de guerras e revoluções e os grandes personagens destes acontecimentos é que mereceriam destaque na história, não existe mais.
“Salve, Carnaval!/Esperar pelo folguedo/Um ano, não é brinquedo../(...)Enfim, chegou o tal, suspirado Carnaval./Cloriforme virgulado, virá ele, com micróbios?/ Digam os sábios ambrosios/ se o sobredito traz mal?/ Se o cujo está constipado/ e preso sobre o costado/conduz a constipação./Dê-se uma polvilhada/água de seringada/ completa desinfecção.” Esta foi uma das músicas cantada nas ruas de Friburgo, no Carnaval de 1895. Percebe-se uma ironia à política higienista empreendida pela Câmara Municipal, que era administrada em sua maioria por médicos.
Rua Cel. Galiano Emílio das Neves. Passamos por esta rua, uma das transversais da Praça Getúlio Vargas ou nos referimos à ela como “a rua do shopping”. E foi exatamente onde se localiza o shopping que Galiano Emílio das Neves viveu os últimos dias de sua vida. Nascido em São João del-Rei em 1 de maio de 1826, assim que terminou os estudos preparatórios foi para o Rio de Janeiro, ingressando no Curso de Medicina.