Embarcar na estação Light, com tanta criança a bordo, é dar ao espírito uma chance de recobrar os sentidos da infância. Viagem de primeira classe e Robério Canto é o guia, nos levando aos recônditos da reflexão. "Uma questão de limites” é texto para se colocar em moldura, nas paredes da consciência de quem tem as rédeas da educação. Saber administrar limites é tarefa para toda a vida, numa exigência da própria civilização.
Surpresas de Viagem
Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
Cinco de outubro, dia de eleição! Por incrível que pareça, minha preocupação maior não é com o voto, mas, em como embarcar no tema do Caderno Light deste fim de semana. A estação de embarque está convidativa e abre uma janela de conhecimentos. Se Marcio Madeira, nascido em 1978, sentiu-se "velho” diante da "geração Playstation”, imaginem como estou agora, me sentindo matusalém! Longe de comparações com Ana Blue, "eu vivi os carrinhos de rolimã e as pipas”, entretanto, os meus episódios foram os de Nacional Kid.
Elisabeth Souza Cruz
Bem antes de começar a viagem deste fim de semana de fim de agosto, pensei: qual será a capa do Caderno Light? Foi uma grande emoção encontrar o "Pequeno Príncipe”, de Flores da Serra, na "noite clara e azul”. Percebi, então, que "não ando distante de mim” e comecei a cantarolar: "Me beija a brisa da cidade, me beijam os raios de sol...” – Linda canção, doce saudade de Arnaldo Miranda, a quem mando abraços pela inspiração em 2011. (Ele sabe a minha gratidão!). Mas se a Cia do Ar tem novidades, vamos esperar que cheguem breve, nas luas de 2015. É a cultura na melhor companhia!
Neste domingo, o penúltimo de agosto, de céu azul de ponta a ponta, a viagem requer o mapa da reflexão. Não há como sair pelas folhas do Caderno Light e saborear palavras sem degustar o pensamento. Na verdade, o jornal está para se ler com os olhos da alma. De Frida Kahlo a Karl Gniersk, a leitura "libera os mais íntimos sentimentos”. Tudo é "questão de pele”, mas o que se vê acima do olhar de Frida é um par de asas sobrancelhas, de quem voou além dos próprios limites. É assim que somos, uma infinidade de "Frida e Karl”, rompendo nossos campos de "concentração”.
O Caderno Light me deixou na saia justa! Com tantas opções de roteiro na capa, tudo é light para uma excelente viagem. Na dúvida, fechei os olhos e brinquei de "mamãe mandou escolher esse daqui”. Não deu outra: mamãe, apaixonada pela "Rosa”, me induziu a seguir por Guimarães. E pelas indicações de Robério Canto ficou fácil descortinar o Grande Sertão, pois nada como um exímio guia literário para nos desvendar a "narrativa rosiana”. Ele, Robério, desbravador de "Um lugar muito lá”, sabe abrir veredas e, pelo brilhante comentário, nos aproximou do Sertão.
Não gosto de iniciar a viagem na primeira pessoa do singular, mas não há como fugir da estação "Saudades de papai”! Eu gostava quando se aproximava o Dia dos Pais e eu dizia: Pai! Ainda não comprei o seu presente! E ele respondia, sem pestanejar: "Deixa de ser boba! Você é o meu presente!” Era tudo o que eu gostava de ouvir, além de suas boas conversas. Sem contar a infância, com suas aulas noturnas, à beira do fogão de lenha. Era imprescindível saber a tabuada e as capitais dos estados e países.