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Nas travessias – “sertão e vida”, colhendo rosas no jornal
O Caderno Light me deixou na saia justa! Com tantas opções de roteiro na capa, tudo é light para uma excelente viagem. Na dúvida, fechei os olhos e brinquei de "mamãe mandou escolher esse daqui”. Não deu outra: mamãe, apaixonada pela "Rosa”, me induziu a seguir por Guimarães. E pelas indicações de Robério Canto ficou fácil descortinar o Grande Sertão, pois nada como um exímio guia literário para nos desvendar a "narrativa rosiana”. Ele, Robério, desbravador de "Um lugar muito lá”, sabe abrir veredas e, pelo brilhante comentário, nos aproximou do Sertão. É tudo tão convidativo que vale a pena ler ou reler essa monumental obra da literatura brasileira.
Sigo em frente na travessia das ideias e "autômata” como Lisys, "vigio o céu, a chuva improvável, a neblina, as roupas para secar”. O domingo está mesmo assim, indefinido e nublado, nada destoante do tempo virtual onde o seguro é ter "tudo na nuvem”!” "Isso vai dar repercussão”, pois a tecnologia não deu conta de acabar com os "bolachões”. Ainda bem que na invasão dos CDs eu não me desfiz da coleção de vinil, embora tenha ouvido barbaridades como: "Tá guardando essa quinquilharia pra quê?!”. Conservadora, com a "redescoberta”, agora tenho um tesouro, que começou com um primeiro presente de meu pai: um LP de Elvis Presley, com a trilha do filme "Louco por garotas”. Foram, pelo menos, vinte anos colecionando discos de samba-enredo. Sem contar os de Milton Nascimento (quase todos), MPB, clássicos e muito mais. Por alto, contei agora, só numa estante, quase trezentos bolachões! Beleza!
Enquanto degusto os queijos de Chico, uma rápida passadinha pelo cinema e "de olho no (triste) futuro”, nada de desacreditar do presente, porque as mulheres estão em debate com Ana Borges e, das considerações apresentadas, muito se avalia sobre a importância da força feminina na vida política, muito além do território, outrora traçado para a sua limitada atuação. Boas propostas geram grandes candidatas!
Sigo em direção à Rua Nelson Kemp, com a empolgante história do "jequitibá da imprensa”. Nascido em 1884, sua vida foi uma verdadeira efemeride. Jornalista que começou escrevendo em folha de papel almaço e que entre tantas outras qualidades, se elegeu deputado cinco vezes. É mesmo de se aplaudir de pé! Aplausos também para o Tiro de Guerra, 105 anos fortalecendo o espírito patriótico dos jovens friburguenses.
O passado tem muito a revelar e é lendo Há 50 Anos que a gente pode se inteirar da importância de se preservar a memória de uma cidade. Dá gosto ler o texto assinado pelo próprio Nelson Kemp, em que "Ticha recordava a cidade antiga e os suntuosos bailes no antigo palecete Salusse”. Os banhos no Rio Bengalas, "calções até os pés”! E as corridas do Jóquei Clube no Prado e em Conselheiro! (Que chic!!) Vai mesmo longe esse tempo, quando "todos tiravam o chapéu ao passar pelo juiz da comarca”. Entretanto, ainda se usa tirar o chapéu para pessoas como o professor Fernando Cavalcante, que assina o Ponto de Vista, orientando sobre resíduos sólidos recicláveis e coleta seletiva. O caso agora é de ordem legal e é legal colaborar!
O jornalismo tem que acordar cedo e foi isso que a equipe de A Voz da Serra fez para traduzir o drama das filas no SUS. O sistema é único e a doença da Saúde é tão grave que o paciente precisa ser muito paciente e ainda se dar por feliz se conseguir uma ficha para a semana seguinte. A dificuldade é tanta e em tantas áreas, além da Saúde, que os desafios estão aí, à flor da pele, abrindo feridas, deixando cicatrizes.
Com passaporte filosófico, a viagem faz um contorno e pega, outra vez, as veredas de Guimarães, na certeza de colher uma rosa nas travessias — "sertão e vida”. E no texto de Blue Light, não sendo Antônio, Benedito ou João, o nome do senhor bem que poderia ser "Riobaldo”. Em sua face rabiscada pelas lutas, com seu olhar pedinte, querendo apenas uma foto, talvez ele esteja a nos dizer: "O que a vida quer da gente é coragem!” Muita coragem!
Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
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