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Dos avanços tecnológicos ao simplesmente... ser
segunda-feira, 08 de setembro de 2014
Elisabeth Souza Cruz
Tão logo me desembaracei dos afazeres dominicais, guardei os equipamentos do jardim, tomei um banho e peguei as ferramentas de viagem: o notebook, A VOZ DA SERRA e na merenda, cuca gaúcha! A folha A4 se abriu e o teclado se pôs a tilintar os acordes da leitura Light. (Senti falta da palavra blue!) Ainda bem que é pura lenda essa conversa de que usamos apenas 10% da capacidade cerebral, pois se fosse mesmo verdade, o que haveria de sobrenatural se usássemos a sua totalidade? Os avanços, já galopantes, disparariam como num trem-bala e não daria tempo nem de acionarmos o desejo de conhecê-los. Entretanto, o pensamento "Futurível” não está muito longe da poesia de Gilberto Gil e parece que "a felicidade é feita de metal”. Ou quase isso! Lenda urbana confirmada, "refutando o mito”, as tecnologias impressionam e não é muito de se admirar, pois as novidades sempre vieram surpreendendo a naturalidade das coisas. Não fosse assim, no início da década de 70, papai não teria causado surpresa quando comprou um "Gravador K7 Mitsubishi”, com capinha de couro e tudo. (Era moderno!)
Com toda a tecnológica, as crianças de hoje "nascem” clicando os olhinhos para o mundo. No meu tempo, criança não mexia em vitrola, pois quebrava a agulha; não ligava a televisão fora de hora e muito menos escutava conversa de adultos. Agora, são elas que nos socorrem quando um aparelhinho perde a configuração. As doutoras Carmem Lúcia e Ágatha Abrahão trazem à luz importantes debates para a educação no sentido de que a tecnologia não pode superar o calor humano. (A afetividade é o que nos distingue da máquina e não podemos abrir mão desse privilégio!)
Em literatura, Robério "mandou ver”! Mandou mesmo, no sentido real do verbo, porque "a leitura de obras literárias é a possibilidade de vivermos todas as aventuras...”. E é nesse "hábito” de ler A VOZ DA SERRA que eu viajo e, em cada "Canto”, em cada linha, descubro pessoas, suas falas e experiências. Descubro o mundo e me descubro também. O difícil na viagem é organizar a bagagem de assuntos dentro da folha A4, porque as "Impressões” são muitas e boas! No trajeto, é sempre uma passadinha em "Há 50 Anos”, onde o ano de 1964 está em realce e Nelson Kemp lembra ilustres deputados que Nova Friburgo já teve. Isso nos remete ao compromisso que exigirá de nós, em outubro, muita atenção. Como diz Caetano Veloso: "É preciso estar atento e forte”!
Emocionante a história de Luiz Spinelli. Nascido em 1866, tinha visão de empreendedorismo. Chegar ao Brasil "sem um tostão” e construir um "império econômico” é usar mesmo 100% do espaço cerebral! Belo exemplo! Animadora também é a possível "desapropriação parcial do Clube de Xadrez”, que pode garantir a sua preservação como patrimônio da cidade. E por falar em garantias, o Editorial fala em "bondade” e como cai bem a palavra nesse fim de semana de Sete de Setembro. O feriado, embutido no domingo, fica meio natural, mas vale pensar que se a Independência completa 189 anos, o Brasil ainda engatinha em alguns quesitos. Ocupar "um dos primeiros lugares em termos de desigualdade social e distribuição de renda” é um pódio vergonhoso para um país de tantas riquezas naturais, inclusive, as pessoais.
Começamos a viagem falando em avanços tecnológicos e é lendo o Ponto de Vista, assinado por William Ferro, que nos conscientizamos de que falta ainda avançar no campo das mentalidades. Os meandros da nossa pequenez ainda nos permitem divisões e taxações. Bom será e oxalá se possa viver num mundo de uma convivência social livre de preconceitos e de julgamentos. A homofobia, como bem falou William, "não acontece apenas nas agressões físicas”. É desse emaranhado de atitudes discriminatórias que devemos nos libertar e assumir uma posição de igualdade – sem restrições e sem rótulos, na certeza de que podemos formar uma grande aldeia global de pessoas, com dignidade e alteridade garantidas. Respeito é o ponto de partida e de chegada dessa grande revolução humana!
![Elizabeth Souza Cruz Elizabeth Souza Cruz](https://acervo.avozdaserra.com.br/sites/default/files/styles/foto_do_perfil/public/colunistas/elizabeth-souza-cruz.jpg?itok=k9Z_KDTg)
Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
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