Emoções à flor da pele

domingo, 24 de agosto de 2014

Neste domingo, o penúltimo de agosto, de céu azul de ponta a ponta, a viagem requer o mapa da reflexão. Não há como sair pelas folhas do Caderno Light e saborear palavras sem degustar o pensamento. Na verdade, o jornal está para se ler com os olhos da alma. De Frida Kahlo a Karl Gniersk, a leitura "libera os mais íntimos sentimentos”. Tudo é "questão de pele”, mas o que se vê acima do olhar de Frida é um par de asas sobrancelhas, de quem voou além dos próprios limites. É assim que somos, uma infinidade de "Frida e Karl”, rompendo nossos campos de "concentração”. 

Viver é, na melhor das empreitadas, "mudar o ângulo de visão”, pois bem disse Gustavo Melo: "Nada fica igual quando mudamos o enfoque”. Viver é também esculpir sonhos nas duras pedras do caminho e nossa pele recebe os estímulos de todas as esculturas. O tempo é nosso escultor! É meio filosófico, mas o tempo que faz "rabiscos” por fora é o mesmo que pode desenhar paisagens lindas por dentro! O doutor Akira, em "A pele que habitamos”, nos passa uma receita no formato standard: redução do estresse, limpeza da pele, produtos adequados, ingestão de água, boas dietas e carícias são alguns dos cuidados indispensáveis para uma pele saudável. É página para reler! 

A pele se arrepia mesmo, traduz emoções que as palavras ocultam e Antonio Fernando lembra Robin Williams, que tanto nos arrepiou com suas magníficas interpretações. O professor Keating é o sonho de consumo de todo aluno. Como a vida é uma escola, somos alunos de horário integral e o "carpe diem” é a melhor lição. 

Uma fatia de "Bolo de gengibre”! O paladar indica que a viagem está nutritiva, alimentando a alma de saberes, porque, afinal de contas, para quem sabe ler A VOZ DA SERRA, um pingo não é letra, é conhecimento. E neste exato momento, estou na Rua Padre Sabóia de Medeiros, conhecendo esse jesuíta de mil afazeres que, na mesma medida, conciliava oração e ação. Na entrevista com Mateus Solano, as mensagens são do "tamanho do mundo”. A peça, de mesmo nome, é também um chamado às "questões de pele”, a tudo que nos toca, profundamente, como escolhas ou imposições.  

A "Estação Saúde” está repleta de passageiras corajosas. A equipe de AVS acordou ainda mais cedo e o termômetro marcando 7°C. (O jornalismo, às vezes, nem dorme.) Os relatos da Amma, da família de Edazilma e de Luzia Thereza têm ecos no coração de tantos peregrinos que necessitam de tratamento fora de Friburgo. Não é somente o fato de buscar a cura, é como a busca se dará, pelos caminhos torturantes das idas e vindas. São duas lutas: vencer a doença e driblar a falta de recursos na cidade. Na "casa das sete mulheres e um homem”, o entendimento sobre vida e morte tem dimensão contínua. A "partida” não é mais do que uma viagem e "Edazilma um dia voltará”.  

Em "Há 50 Anos”, a extinção do "trenzinho” da Leopoldina voltou a ser tema e João Saldanha lembrou a maria-fumaça com a alegria de percorrer a cidade, no badalar do sino. E por falar nisso, no artigo de Max Wolosker, depois da "breve história do sino” pela sutileza de sua fabricação, pode ser que passemos a ouvir as badaladas com mais reverências. Respeito também pela Ypu, que mais do que um prédio, tem histórias nas paredes, assim como o casarão da Vila Amélia. Mas... E aí, "Literatura salva... ou distrai?”. Em Ponto de Vista, a especialista em Letras Ana Beatriz nos traz considerações e delas somos os mentores da própria experiência. Talvez, nem tanto salvação, mas transformação. Porém, se transforma, salva! Mas, salva como? O tema é abrangente, cada leitor é único e a literatura é como um hipermercado: tem de tudo nas prateleiras e, muitas vezes, coisa alguma que se queira adquirir. A tal "chave” é pessoal e intransferível. Sobre as eleições, o Editorial é para recortar e pregar na porta da geladeira. Até outubro teremos tempo de avaliar se a "sujeira” começa na campanha. Aliás, que seja para reflexão: Candidato "ficha-limpa” é também o que não suja a cidade!  

TAGS:
Elizabeth Souza Cruz

Elizabeth Souza Cruz

Surpresas de Viagem

A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.