Colunas
Do Grito de Munch ao desespero do eleitor
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Elisabeth Souza Cruz
Quando abri o jornal deste último fim de semana de inverno e me posicionei na estação de embarque, percebi o "desespero” do meu ponto de partida literário. Como se diz na gíria, o Caderno Light "arrebentou a boca do balão”! Para minha salvação, com "O Grito”, de Edvard Munch, as letras acordaram e a viagem começou a fluir na densidade do tema. Para vislumbrar o panorama e compartilhar "A dor na contemporaneidade”, subi a "A escada” de Ana Blue e encontrei Gonçalves Dias que, há dois séculos, prendia "murmúrios solitários” num poema. A dor do mundo é tão antiga que até Goethe entra em cena com "Os sofrimentos do Jovem Werther”. Também entra em cartaz uma lista de filmes, recomendada por Antonio Fernando, em "A depressão invade as telas”. Nessa "onda deprê”, nem a "Discopédia” saiu do contexto, porque "Perdendo o controle” é mesmo "de morte”! É esse lance de "uma mudança de cena”, de se esperar alguma coisa, de um vazio, de uma busca incessante.
A leitura desta edição do Light é como subir uma grande pirâmide de incomensuráveis mistérios e, no seu ápice, coroando a escalada, ouvir a voz do mestre Cesar Vasconcellos de Souza. Na entrevista com Ana Borges, o renomado psiquiatra nos dá uma visão esclarecedora da diferença entre depressão e tristeza e ainda nos aponta índices de mortalidade, decorrentes de estados depressivos. Sabiamente, o doutor César ressalta que em medicina "um grama de prevenção vale mais do que um quilo de tratamento”. "Há um circuito cerebral, defeituoso, produzindo ideias suicidas”, mas há como desviar, assumindo novas posturas de entendimento de que se "o que é bom passa, o ruim também passa”. São muitas palavras reanimadoras, de quem entende o fundo das almas. Com a intensidade do Light, as andanças deste domingo vão além, no subterrâneo das reflexões, o que me faz lembrar dos versos de Japiassú Maia: "...eu despenquei no vazio, mas aprendi a voar!” Talvez seja esta, a utilidade do abismo: fazer com que no desespero, como último recurso, soltemos nossas asas!
Muito oportuna é a dica de Chico, pois coisa boa é um chocolate. Revigora! É uma sensação de prazer, de vida nova. E renovação é com a Natureza, que festeja o Dia da Árvore. Com as considerações de Flávia Namen e a foto de Amanda Tinoco, sobre os nossos ombros pesam os cuidados e a responsabilidade da preservação. E o Ponto de Vista vem com a ideia de "plantar pássaros”. Vamos cultivar a fruta-de-sabiá e alimentar a passarada que, em troca, nos alimenta a alma com belas sinfonias.
Preservar é a palavra da vez e a coluna Ruas de Nova Friburgo preserva a memória da cidade. Com isso, temos a chance de conhecer o doutor César Guinle, prefeito numa época em que os telefones eram ainda de manivela. Seu desprendimento e sua capacidade de administração deixaram saudade. Bem-vindos sãos os "Recados de Jorginho Abicalil”, trazendo boas lembranças e conselhos ao eleitor. No Esporte, o Futsal dá olé com empresas renomadas disputando a Copa Sesc.
"Querem calar a imprensa do interior” - era o que se dizia sobre "as maiores forças de opressão”, com o aumento dos preços do papel, da tinta e dos outros materiais, dificultando o trabalho jornalístico. (Coisas do governo Jânio, em Há 50 Anos). Enquanto isso, em 2014, os avanços não se prendem ao preço do papel, mas ao "papelão” que a grande imprensa apresenta sobre a "farra” no processo eleitoral.
Como bem se vê na seriedade da entrevista com a doutora Delia Celser Engel, o Brasil "tem uma eficiente política de vacinação”. Na mesma eficiência, o eleitor gostaria de ter uma "vacina” contra o vírus da corrupção. Quanto mais se lê e se tem conhecimento das falcatruas, mais distante fica o entusiasmo pelo voto. Parece que a política, que sai às ruas em campanha, perde a força quando entra no poder. As promessas costumam se perder no caminho. E quanto mais o eleitor se recusa a avaliar a melhor proposta, mais a melhoria se distancia da política ideal.
Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
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