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Surpresas de viagem – De Machado de Assis a 2014, Friburgo, ‘terra abençoada’
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Elisabeth Souza Cruz
O Caderno Light é sempre uma surpresa! É a estação de embarque prazerosa! É o cartão de visitas da viagem e os seus tripulantes não economizam em altas produções. Desta vez, o espetáculo abre o túnel do tempo literário, de onde emerge a imponência de Machado de Assis. O guia turístico é Robério Canto e vamos ao Cosme Velho, no Morro do Livramento. Não querendo me gabar, descobri que sou meio machadiana, pois "gosto de catar o mínimo e o escondido”. É por isso que vou ao topo da página 2 e, "onde ninguém mete o nariz”, me concentro nos dizeres de Bilac, na placa afixada no chalé do "bruxo”. Olavo, que ouvia estrelas, soube moldar palavras para condensar no bronze vinte e quatro anos de vivências do ilustre morador do casarão.
Quando pensamos em Machado de Assis ou lemos suas obras, não nos ocorre que ele tenha sido vendedor de doces. Nem mesmo imaginamos seu desempenho como sacristão. Aliás, o padre que lhe dera o ofício religioso não poderia supor que, mais tarde, Machado edificaria "A Igreja do Diabo”. Mas eu não posso divagar e sair dos trilhos, porque, afinal, viajo pelo todo em A VOZ DA SERRA. E na estação Entrevista, encontro Ana Borges numa conversa importante com o professor Pierre Moraes, que nos transmite preciosos conhecimentos machadianos. Os louvores para Nova Friburgo, que o escritor teceu em suas cartas, despertam um sentimento de inveja da cidade, outrora tão salubre, tão acolhedora dos necessitados. Entre tantos elogios, Machado acertava na previsão do tempo, ao dizer: "... estamos com a manhã sem saber o que haverá no resto do dia...”. (Essa característica Friburgo não perdeu!)
Mesmo não tendo a Gastronomia de Chico, foi fácil me alimentar dos imagináveis doces vendidos por Machado de Assis. E ainda deu tempo de passar em "Cinema” e saber que pelo menos 20 histórias de sua autoria foram adaptadas para cinema ou televisão. Até o inesquecível Daniel Piza emprestou brilho ao caderno que já estava com todo esplendor. Deixar o Light é sempre uma experiência dolorosa, porque as delicias estão no bom gosto dos que escolhem os temas e criam uma apresentação atraente. Mas, tudo é apreciável na viagem e vamos ao dia de Cosme e Damião — "uma tradição que nunca morre”, mas que diminuiu bastante, especialmente, por conta do trânsito perigoso, que não combina com crianças correndo pelas ruas.
Nas Impressões, tudo muito interessante, mas o projeto do Cordoeira se destaca como a estrela da página. Levar cinema a uma comunidade é refrescar-lhe a alma. Isso, sim, é "o peso do amor”! Construir templos, prender "cadeados” em ponte não edificam o amor. Obra alguma se iguala à prática de uma boa ação social. E praticar o bem para a comunidade foi o que fez Raul Sertã, o homenageado em "Ruas de Nova Friburgo. Imaginem... até Getúlio Vargas ficou fã de seus pêssegos. Em "Há 50 Anos”, o Teca — Teatro Experimental do Centro de Arte — encenava "O Canto da Cotovia”. Garanto que uma imensidão de leitores sentiu saudade dessa época de ouro do Centro de Arte. Em Eleições 2014, o cenário está perfeito. Os "postulantes”, caras bonitas, sorridentes, têm propostas animadoras. Agora é a reta de chegada. Boa sorte ao eleitor!
O drama nesta viagem é sentir a folha A4 se estreitando, com tanto ainda para viajar. O Ponto de Vista está revolucionário, convidando os homens para assumirem uma paternidade integral. No Editorial, uma pergunta: "Que cidade é esta?” - Tomara que possamos ter uma Friburgo desenvolvida, mas guardando a visão de Machado de Assis. Talvez consigamos bons resultados se, em todos os sentidos, tivermos planos como os da Firjan: com "Visões de Futuro” para os próximos 15 anos. Ou, numa grande analogia com as "sementes orgânicas”, possamos promover uma reflexão sobre "o que significa ter nas mãos um punhado de sementes e assumir o compromisso de fazê-las continuar o ciclo de vida?” A resposta é para ser pensada por todos nós. O canteiro é Friburgo. Boas sementes e cuidados darão bons frutos!
Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
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