“Para início de conversa, como é que você vê a passagem do tempo?” — Essa pergunta Ana Borges fez a João Clemente, na entrevista do Caderno Light. Numa profusão de considerações sensatas, aprendemos com João que o mais importante “é nunca se fechar para o futuro...”, porque “o novo sempre vem”. Se “Flores e crianças estão sempre nascendo”, fica fácil entender a passagem do tempo como uma constante renovação. É a nossa pressa em fazer muita coisa num dia só, que nos dá a impressão de que o tempo está cada vez menor.
Surpresas de Viagem
Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
Ouvimos muito a expressão “agosto mês de desgosto”. Talvez o dito popular tenha alcançado raiz na preguiça de se procurar uma outra rima. Para Nova Friburgo, agosto rima é com bom gosto, pois a Fevest inaugura o mês sempre em alto estilo. O Caderno Light se veste de magia e nos traz o encantamento da moda íntima, com novidades cada vez mais ousadas. Aliás, pelo que se percebe, o segmento de lingerie ampliou o tamanho de algumas peças. O público feminino cresceu em idade e mulheres “maiores de 50” dão aquele “suspiro íntimo” na escolha que reúna beleza e conforto.
Não gosto de começar o roteiro com a primeira pessoa do singular, mas eu confesso: de cada viagem em A VOZ DA SERRA guardo comigo recortes de entrevistas, charges, capas do Light, páginas inteiras, edições completas, muitas impressões. O passarinho amarelo do Light, por exemplo, merece moldura e um lugar de destaque na sala de visitas. Tudo é prazeroso no jornal e, de recorte em recorte, eu guardarei a “Carta para Antônia”, como presente para todas as crianças, pois “faz-se oito anos apenas uma vez na vida”. É uma raridade ganhar uma carta assim.
Não há razão para se reclamar do frio, porque em termos de atrações artísticas o inverno está pegando fogo em Nova Friburgo. Na temporada dos festivais, agora é a vez do Sesc aquecer os tamborins e o Caderno Light é o próprio espetáculo. Gal Costa, maravilhosa como sempre, com muita propriedade se revela: “Eu gosto de ousar, de mudar, de criar rupturas entre um trabalho e outro”. Aí reside o sucesso de sua carreira cinquentenária.
Na carona do Caderno Light eu viajei aos bons tempos da cozinha de Vovó Mariana. Ela, que bem sabia fazer “Doce de criança”, dizia sempre: “Não se deve desprezar a ajuda das crianças”. É pura insensatez afastar os pequenos do ambiente culinário, porque da curiosidade infantil pode até emergir um dom para a gastronomia profissional. O Light não só deu receitas para as guloseimas, mas, acima de tudo, trouxe-nos as dicas de como inserir as crianças na cozinha, “desenvolvendo uma atitude muito positiva em relação à comida”. Transformar ingredientes em pratos apetitosos é uma alquimia.
A trilha sonora para a viagem de hoje vai ficar por conta de Chico Figueiredo que nos abriu o apetite para cantarolar – “Cremo, cremo, cremo, cremogema é a coisa mais gostosa desse mundo...”. Que coisa boa combinando com as férias de julho, especialmente para a criançada! É diversão pra valer com as dicas do Light, que sugere brincadeiras para tirar os pequenos “da frente da televisão, do videogame ou do computador”.
O inverno continua trazendo calor aos leitores e o Caderno Light não perde tempo com o tempo frio. Quem resiste à tentação de uma fondue de chocolate com direito a um vinho “licoroso do tipo colheita tardia”? Ideal para Nova Friburgo que, no dizer de Jaburu, é uma cidade “dionisíaca”, as delícias de Baco abrem um leque de opções para as noites de julho. De simplesmente enófilo ao status de enólogo ou sommelier, o bom nessa história toda é aprender um pouco mais da arte vinícola.
O frio continua dando pano pra manga! Realmente, nada melhor do que curtir o inverno em alta e, entre tantos truques para ludibriar a friagem, ler A VOZ DA SERRA, que é aconchegante e aquece a alma. Na Estação Light, na primeira virada, encontro Tereza Malcher, amiga sensível, que até já me inspirou uma trova. Seja bem-vinda com seus abacates, pois estaremos aqui prontos para degustar suas delícias literárias. Ana Blue é outra que nos serve um banquete de episódios pra ninguém botar defeito.
O Inverno chegou e trouxe um Caderno Light bem aquecido para os leitores. Na “Confraria” do vinho, o paladar combina com a boa leitura de uma Voz que sabe os anseios de quem deseja informação, sem perder a diretriz de degustar conhecimentos daqui e do mundo. Uma página de letrinhas bem dispostas, trazendo conteúdos enriquecedores, equivale a uma bela taça de vinho. Acabamos de aprender que “vinho bom é o que a gente gosta” e, nesse caso, abaixo as regras! “Tintos, brancos, rosés ou espumantes” — bem, só nessa combinação já temos um verso decassílabo, ideal para um soneto.
“Amar é estar com a pessoa que nos conta uma história.” — É impossível começar a viagem sem abrir a mala das surpresas e tirar as aspas para pedir emprestado a Gustavo Melo Czekster esse belo achado para explicar o amor. E ele completa dizendo que “escritores não passam de grandes caixas de ressonância de centenas de pessoas anônimas, trocando histórias”... O cronista gosta de buscar filigranas. É como eu digo: engravidar a folha é o papel de quem escreve! É assim mesmo que eu sou em meus escritos, ouvindo o alheio.