É impossível não se contagiar de alegria com o Light. Da simplicidade do Chaves aos encantos da sensata Fran, a matriarca da Família Dinossauro, os personagens marcam época e a nossa própria vida. Quem de nós não terá corrido com os afazeres ou acelerado o banho das crianças para dar tempo de curtir um filme, um desenho animado? Parabéns pelo tema que traz à luz quem fica sempre por trás dos holofotes. Muitas vezes, não nos damos conta dos dubladores, pois se encaixam tão bem nos personagens que os temos como a encarnação dos protagonistas das tramas.
Surpresas de Viagem
Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
Recém-chegada dos Jogos Florais de Nova Friburgo, tomo um bom banho quente e posso embarcar nas surpresas de viagem. Se eu tivesse que escolher uma canção para o Light, seria ao som de Evinha — “Eu vou voltar aos velhos tempos de mim, vestir de novo o meu casaco marrom...”. Ana Blue me inspirou a contar sobre um casaco de minha avó Mariana. A peça tem, pelo menos, 50 anos e lembro-me de vovó, toda chique, saindo para o cinema Eldorado. O curioso é que o casaco está perfeito e muito atual. “Os brechós são os queridinhos da moda” e facilitam a vida de muita gente.
O Caderno Light é a estação de embarque e como não se encantar e tirar reflexões da bela imagem de capa? É a sensação que temos de, muitas vezes, dar saltos para transpor os abismos. O tema escolhido formará novos indivíduos e grupos, pois o aprendizado ou a reformatação da nossa vida pode começar a partir de agora. Há um otimismo nos instigando aos desafios, lembrando que “toda crise apresenta oportunidades”.
A foto de Regina Lo Bianco, estampada no Caderno Light, é um cartão de visitas ampliado, convidando os leitores para um passeio entre as estações — presente e passado. Do “Nascimento de uma cidade” aos “Mil tons de Friburgo”, uma coisa é certa: nossa cidade é linda! Dos “goitacazes e puris” aos tempos atuais, o rincão friburguense traz enorme bagagem histórica e a valorização da memória é o alicerce do futuro.
Com a sensibilidade de A VOZ DA SERRA, era de se esperar que o Caderno Light homenageasse o segundo domingo de maio de uma forma pra lá de especial. Concordo com Ana Blue, pois é impossível ser impessoal quando se trata do Dia das Mães. Assim, estou a me lembrar de mamãe, operária da Fábrica de Filó, que, depois da dura jornada, encontrava tempo para costurar, ouvindo seus clássicos favoritos. O tempo lhe era tão precioso que lia bons livros, chegando até a estudar Astronomia. Toda mãe é especial e é por isso que a maternidade e os modos de o bebê vir ao mundo são processos naturais.
É incrível como o Light não só nos leva ao futuro, mas nos faz girar num carrossel de lembranças. “Era assim...” Era mesmo e sem aprofundar no túnel do tempo, em minha infância tinha leiteiro, de porta em porta, com aqueles latões, vendendo leite, tão puro, que dava para fazer manteiga com a nata. Também tinha sapateiro e o “seu” Marotti fez meu primeiro sapato. Era chic! O jornal está lindo e, seguindo o roteiro, bastava o poema de Vinicius — Operário em construção — para enfatizar o Dia do Trabalho. Mas o caderno foi além, buscar o mundo novo.
A sugestiva paisagem de abertura do Caderno Light, ao mesmo tempo em que sintoniza o leitor com a modernidade, aviva a lembrança de quem viveu a era da datilografia, com o enfadonho “asdfg”. Nostalgias à parte, o presente está aqui e agora e o jornalista e professor Jorge Maroun ressalta os desafios de se manter uma empresa de informação dos moldes tradicionais, atuante, quando “tudo é exprimível pela imagem ou pode ser compartilhado por todos”.
A viagem começa com uma verdadeira aula de História do Brasil e convido Elis Regina para fazer a trilha sonora do Light, com uma “Exaltação a Tiradentes”. Na atual era do exibicionismo, quando se intitula um “BBB” de herói, a história do Mártir da Inconfidência tem muita relevância e não se prende, apenas, ao prazer dos feriadões que tem proporcionado aos brasileiros. O caderno está perfeito e traz à tona muitas reflexões, levando-nos a concluir que a insatisfação do povo tem sido uma constante marca no país.
Nosso roteiro começa e a Estação Light tem passagem para 7 de abril. É bonito ver a plataforma lotada de passageiros, apaixonados pela grande estrela da noite festiva dos 70 Anos. Bonito também é dizer “7 de abril”, quando a data tem a relevância de marcar o nascimento da Voz do povo – A VOZ DA SERRA! Adriana Elisabeth Ventura abre a galeria de fotos, com aplausos, e dá gosto observar, em seu semblante, a alegria de quem dá conta de um legado. Ela, com seu anjo Gabriel e uma equipe arrojada, responde “presente” ao compromisso de manter a VOZ em tom maior.
“É tempo de libertar, de renascer”! Na belíssima capa, o Light nos convida a “fazer a passagem” para um maior entendimento sobre os significados da Páscoa. Em Literatura, Gustavo Melo nos apresenta Artemísia Gentileschi, que impressiona pela exuberância de sua arte e pela ousadia de viver livremente, numa época de grilhões sociais para as mulheres. Vingança e arte, numa mesma tela, é tema para uma boa reflexão e a página 2 deixou a máxima da artista: “I will have control over my being”!