O caderno Light nos trouxe uma pergunta – “Como anda a sua voz?”. Acredito, que assim como eu, muita gente parou para avaliar a questão. É algo tão trivial usar a voz que não nos damos conta da complexidade da comunicação oral. Basta uma gripe, uma leve rouquidão e pronto – percebemos a importância da boa manutenção das cordas vocais.
Surpresas de Viagem
Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
Parece que foi ontem que comemoramos as Bodas de Vinho do enlace perfeito de A VOZ DA SERRA com Nova Friburgo. Mais um ano de história se construiu, mais um ciclo se completou e o que se vê, no passar do tempo, é a renovação do jornal. 7 de abril – Dia do Jornalista – a data em que a nossa Voz ganhou vida no ideal de “Ventura” que se mantém confiável e moderno.
O Light é uma embarcação envolvente. Volta e meia, me vejo na casa de minha infância, onde os livros revestiam as paredes. Podia ter brinquedo no Natal, no dia do aniversário e no Dia da Criança, mas, entre os pacotes, era imprescindível a presença dos livros. “O fantástico mundo da literatura infantil” tinha uma filial lá em casa! Hans Christian Andersen e Monteiro Lobato eram, entre outros autores, nossos companheiros inseparáveis.
O Caderno Light, a plataforma de embarque de todos os finais de semana, nos convida a um passeio pela espiritualidade. “Renascimento” – este é o tema a nos conduzir pelos meandros da Semana Santa que, mais do que “trocar a carne pelo peixe”, requer reflexões profundas sobre a crença de cada um. Lembro-me que na casa da minha infância, era a sexta-feira santa dedicada ao silêncio. Ouvia-se a Rádio Ministério da Educação, em volume baixo e o dia passava em meio ao recolhimento. Não se varria a casa e somente a louça era lavada, após o almoço.
Quando se trata de embarcar na Estação Light, não há rotina. A paisagem é revigorante e o traje passeio é a “branquinha básica”, indicação de Marlon Portugal. Vejam que boa dica – “uma mulher pode se vestir muito bem tendo apenas sete peças, e uma delas é a camisa branca. Isso me lembrou papai que, no seu “Avenida Bar”, durante mais de 35 anos, trabalhou de camisa social branca e, ainda por cima, engomada!
“Procura-se”! Este é um dos apelos mais tristes na vida de alguém que se perde do seu cão. E me lembrei da noite fatídica, anos 80, quando um comício, ensurdecedor, desnorteou Felipe. É por isso que eu peguei trauma com fogos de artifício – nada mais prejudicial para os cães. Foram buscas incessantes, noites e noites parecendo ouvir seus latidos e... nada.
Como sempre afirmo – viagem é contemplação. É a primeira coisa que faço quando embarco na plataforma Light. Alguns minutos de olhar atento para a capa do caderno são suficientes para a mente conectar o teclado. As ideias brotam de boa vontade! A inspiração quer interagir com o conteúdo apresentado e o tema mulher é pauta para o dia a dia. Como diz Marlon Portugal, “o legal é sair do óbvio” – e, sobre Frida Kahlo, o legal, mais do que tudo, é o legado de seu comportamento que, como bem apresenta Deborah Simões, “ela não se encaixaria hoje – 2016”.
Nada mais inspirador do que a beleza de um jardim florido. O Light nos presenteia com uma edição charmosa, de capa, delicadamente, suntuosa. De acordo com o tema, a sonoplastia da viagem será com Os Mutantes em “Jardim Elétrico”, na indicação da Discopédia. É animadora a visão do paisagista Zé Bizzo, quando ressalta – “Todo mundo pode ter um jardim em casa. De pequenos a grandes espaços, em qualquer lugar é possível planejar um pequeno refúgio...”. Vamos remexer nossos vasinhos de plantas e até pensar numa hortinha.
Viajar é contemplar as paisagens e, sendo uma viagem literária entres as páginas de A VOZ DA SERRA, a contemplação começa na Estação Light. A capa do caderno sugere um passeio no passado, em 1922, quando podemos imaginar o rebuliço causado pela Semana de Arte Moderna. De brinde, a tela de Tarsila do Amaral, que merece moldura e parede da sala! Adiante, encontramos Coco Chanel, em brilhante apresentação de Marlon Portugal. Mais uma vez, o passado se reproduz em tempos atuais, e criar estilos é sinal de inteligência. “Em matéria de moda, o que conta pra mim é personalidade”, garante Marlon.
Contava meu pai que, antigamente, quando terminava a folia de momo não se podia mais falar em carnaval; bailes somente eram programados para a noite de aleluia. Mas, os tempos mudaram e ressaca se trata com “engov”, pois, como se destaca no Light – “pra quem gosta do barulho, as farmácias estão aí, vendendo horrores...”. O carnaval é uma efeméride incrível e mexe com as emoções. Como disse Ana Blue – “Uma grande catarse” – haja coração! Não importa a passarela, pois “pra quem mora na serra, o fim da avenida é horizonte”, garante o olhar atento da estrela azul.