No país do crescimento pífio de 1.6 ao ano, crescimento menor que o crescimento vegetativo da população (aquele induzido pela taxa de natalidade, que independe de esforços concentrados do estado ou da iniciativa privada — depende apenas do casal (risos) —, e do crediário atrasado), estamos entrando em mais um carnaval em pleno abril, na verdade mais do que um carnaval para os fluminenses.
Marketing
A Copa nem começou, mas as oportunidades de tirar vantagem do visitante já.
Driblar a mesmice, atacar com objetivo e cabecear a bola do preço de oportunidade são jogadas previsíveis em qualquer copa do mundo, em qualquer lugar do mundo, e não vai ser no Brasil que isso vai ser diferente, pelo contrário.
Dentre muitos mantras repetidos até a exaustão, um em particular me preocupa e me incomoda um pouco mais: a doutrina do empreendedorismo.
Num país onde a educação é considerada algo supérfluo, o jeitinho é orgulho nacional e a teimosia faz parte do slogan de ser brasileiro, vejo o empreendedorismo com olhos lacrimejantes.
Comprar já permitiu ao homem se redimir de seus pecados frente ao criador antes da contrarreforma de Lutero, comprar já permitiu libertar escravos quando a ignorância era quem dominava, comprar já permitiu muitas coisas e hoje o que mais produz é dependência e endividamento.
Como verbo bitransitivo, o verbo comprar parece mesmo estar na moda, superafinado com a liberação sexual, mas isso é outro assunto. O fato é que seguimos comprando e comprando.
Nosso Brasil detém misturas que vão bem além de raças e credos, alcança muitas realidades de consumo, de legislação e acesso a informação e serviços.
Somos seres sociais. Gostar de pessoas é um comportamento que nos define, nos aproxima, nos iguala. Seja no comércio ou na prestação de serviços, o contato direto com o cliente é uma situação característica, repetitiva. Assim, atender é mais que uma profissão: é uma vocação.
Como especialista de marketing, sou obstinado em propor ações de comunicação ou mercadológicas que sejam viáveis ao cliente. Ações que propiciem um resultado financeiro que rentabilize o investimento e alcance os propósitos motivacionais do empresário, que podem ter diversas naturezas como receita imediata, lembrança de marca, promocional, etc.
Acho assustador como mídia, agência e, por vezes, clientes podem simplesmente ignorar o cuidado com o resultado e usar verba demais ou de menos em suas ações.
Caro leitor, este é o artigo de número 600. Por seiscentas semanas escrevo buscando esclarecer ou opinar sobre o mercado e sobre nós, que compomos este mercado. Como semana é uma unidade de medida do tempo, resolvi escrever sobre isso: tempo.
Quando trabalhamos com pesquisa de mercado, em especial sobre temas mais constrangedores, como sexo, drogas, salários e ética, é comum projetarmos a pergunta a uma terceira pessoa inexistente para obtermos do entrevistado informações a respeito dele mesmo, pois comumente usamos nossos valores para definirmos os valores dos outros.
A Coca-Cola fechou um acordo milionário, ou melhor, bilionário com a Green Mountain Coffee Roasters, líder no mercado de café em cápsulas, aquelas rodelas para máquinas de café. No acordo de mais de um bilhão de dólares, a Coca-Cola pretende que seus refrigerantes, incluindo o Sprite, Fanta e Coca, Regular e Diet, sejam feitos em casa, pelo próprio consumidor, a partir de cápsulas.
Trabalhar, prosperar, comprar, acumular, aprender, ensinar: são valores importantes na nossa cultura. O consumo tem feito de nós bichos mais competitivos e dado a muitos a perfeita sensação de que o triunfo financeiro faz deles pessoas melhores.
A diferença social entre os ricos e os pobres, tão berrante no Brasil, criou uma verdade bem mentirosa, que parece afirmar que quanto mais se tem, melhor se é. Assim, tem muito rico se achando por cima dos que têm menos, e alguns nada ricos se achando o tal porque têm um Chevette 75 e o vizinho está de busum.