Pagando a conta do feriado

quinta-feira, 17 de abril de 2014

No país do crescimento pífio de 1.6 ao ano, crescimento menor que o crescimento vegetativo da população (aquele induzido pela taxa de natalidade, que independe de esforços concentrados do estado ou da iniciativa privada — depende apenas do casal (risos) —, e do crediário atrasado), estamos entrando em mais um carnaval em pleno abril, na verdade mais do que um carnaval para os fluminenses. No estado do Rio de Janeiro resolveram homenagear Tiradentes com a maior enforcada da história, dias sem geração de PIB, receita, lucro e outros detalhes tão necessários ao bom funcionamento do mercado.

Enquanto o impostômetro alcança a bagatela dos 300 bilhões em impostos arrecadados este ano, nós vamos descansar por seis dias seguidos.

Não sou contrário a feriados, na verdade eles são grandes oportunidades de desenvolvimento de outros negócios, relacionados a serviço como restaurantes, hotéis, transporte, etc. O grande problema está no fato de que 20% do mês não gerarem produção e haver a absoluta manutenção do custo operacional para o empregador.

Com uma folha tão dispendiosa que onera o emprego, escalpela o empregador, desnutre o empregado, tanto no salário, como nos encargos e responsabilidades demissionais, o estado precisa respeitar mais o trabalhador e o empregador, e tratar a política de feriados de forma mais responsável.

Se o custo indireto do empregador, que naturalmente é equilibrado no salário direto do funcionário, fosse menor, certamente o colaborador poderia ganhar melhor em termos absolutos (e custando menos) e permitiria que feriados como esses fossem bem usufruídos por um número maior de pessoas, gerando muita riqueza e desenvolvimento.

O ócio é um grande mercado no mundo inteiro. Feriados são geradores de receita e desenvolvedores de negócios que atingem desde a economia de base (infraestrutura) a economia de ponta. Da estrada à sofisticada indústria aeronáutica, do vendedor de cachorro-quente na praça ao resort mais luxuoso, todos prosperam nos feriados, e é bom até para a produtividade do colaborador, que pode descansar, viajar, resolver assuntos pessoais, etc.

Os feriados podem amenizar efeitos da sazonalidade de mercado que comumente se concentra na operação do mercado de turismo, levando multidões em período de férias escolares e mantém o restante do ano em áreas de abandono, em total baixa demanda vivendo à míngua, desabastecida de clientes. 

Para restaurantes, hotéis, empresas de turismo receptivo, cultura, diversão e entretenimento de modo geral, feriados são pequenos milagres no fluxo de caixa, que dão gás ao negócio, ajudam a segurar seus custos fixos e planejar melhorias e reinvestimentos.

Então, o problema não é o feriado. O problema é quem paga a conta do feriado.

Hoje a realidade é que o empresário normal precisa custear este processo de feriados sozinho, arcando involuntariamente com perdas de 20% em sua capacidade produtiva frente à manutenção do custo e das imensas dificuldades de gestão no banco de horas de seus colaboradores.

Precisamos evoluir, se quisermos ser um país desenvolvido, pronto para o caminho do lazer, turismo e diversão. Precisamos rever os processos que penalizam as paradas.

O Brasil tem potencial turístico espetacular, tem um povo nascido para se divertir, e usar essa vocação; transformar o turismo em negócio sério e prioritário é uma das oportunidades. 

Resta saber até quando o empresário será enforcado a cada Tiradentes.


Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de

Administração e Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia Ambiental,

professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação


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