Os Monnerat celebram o 68° encontro da família que já atravessa 12 gerações desde que o casal François e Elizabeth chegaram a Nova Friburgo, juntamente com sete filhos, no início do século 19. A região que era Cantagalo, mas que hoje é o município de Duas Barras foi para onde os Monnerat, juntamente com muitos outros colonos suíços se dirigiram, deixando o Núcleo Colonial de Nova Friburgo.
História e Memória
Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
Treze de maio, dia da libertação dos escravos. É sempre bom trazer à memória essa data. Foram três séculos e meio escravizando africanos. Como procuro restringir a minha coluna à história regional vamos falar um pouco sobre a escravidão em Nova Friburgo. Em nosso município não foi nada diferente do Brasil de um modo geral. Chegamos a ter a população escrava superior a de homens livres, em dado momento.
Folgo em saber quando a iniciativa privada se interessa por nossa história. Fui convidada pelo shopping Cadima para dar uma curadoria nos festejos do aniversário da cidade que completa 198 anos no próximo dia 16. Haverá barraquinhas com motivos alegóricos, a exemplo de uma senzala, e escolhemos o nome Vila do Morro Queimado para concentrar o evento no shopping.
A firma Clemente & Van-Erven, de propriedade de Antônio Clemente Pinto, o Barão de Nova Friburgo,e de seu sócio Van-Erven, era estabelecida em Portugal, na cidade do Porto, onde promovia o recrutamento de colonos. O barão comumente antecipava-se aos acontecimentos desde especulações bem sucedidas na compra e venda de escravos, técnicas modernas no plantio do café até a construção de uma linha de trem, que interligando a Região Serrana a Baixada Fluminense, solucionou o escoamento da produção de café na região.
De acordo com Sandra Pesavento, todo ato fundador tende à sacralização, nascendo assim os “mitos de origem”, articulando uma representação glamourizada dos acontecimentos que deram início a um processo. Na representação imaginária, nasce o mito que com sua força criadora dá sentido, organiza, hierarquiza, seleciona e atribui valores de positividade para construir uma resposta à questão universal que todos indagam: de onde viemos?
Cantagalo está em festa e nós em Nova Friburgo, igualmente, deveremos estar. Na novela da Rede Globo, “Liberdade, Liberdade” uma personagem da história de nossa região, o Mão de Luva, foi contemplada no roteiro do primeiro capítulo. Haja coração para os cantagalenses! Mas quem foi Mão de Luva? A história do Mão de Luva está diretamente relacionada com a formação do município de Cantagalo.
Na semana passada escrevi sobre a alimentação dos escravos recomendada pelo Conde de São Clemente, filho do Barão de Nova Friburgo, no ano de 1879, para as suas fazendas café. Inicialmente farei algumas observações baseadas em uma crítica que recebi sobre esse artigo de um importante historiador de nossa cidade.
Uma das mais importantes fontes de pesquisa para se conhecer o cotidiano das unidades de produção de café do Brasil Império, as instruções gerais para a administração das fazendas são uma pérola para os historiadores. No documento que descreveremos, a rotina do trabalho escravo nas fazendas recomendada pelo Conde de São Clemente, filho do Barão de Nova Friburgo, em 1879. Quem trouxe luz a essa documentação foi Leila Vilela Alegrio, em seu livro “Os Clemente Pinto”.
O historiador tcheco Petr Polakovic, diretor do Museu de Emigração de Boêmios, veio ao Brasil pesquisar a emigração de seus conterrâneos que vieram para nosso país no início do século 19. Polakovic iria a Cantagalo em busca de informações dos irmãos Franz e Joseph Scheiner. Antes de ir a esse município me deu uma entrevista para falar de sua pesquisa. Franz Scheiner, imigrante originário da Boêmia foi cônsul geral da Áustria no Rio de Janeiro durante vários anos e isso explica a sua proximidade com a imperatriz Leopoldina, esposa de D. Pedro I, que era austríaca.
Ultimamente os meios de comunicação têm sido achacados por intelectuais em razão da falta de isenção ao lidar com fatos políticos, notadamente na “Operação Lava Jato”. De início me veio à mente o meu livro cuja fonte foi baseada exclusivamente na imprensa. Foi escolhido como recorte temporal a instalação do governo republicano até a virada do século 20, valendo-me para tanto como fonte primária dos jornais existentes à época.