Nova Friburgo caminha para os seus 200 anos em 2018. Ao longo de quase dois séculos passou por diversas representações: Morro Queimado, em referência à fazenda onde se instalou a vila de Nova Friburgo; Colônia dos Suíços; Suíça Brasileira; Paraíso Capitalista e finalmente capital da moda íntima. Há controvérsia sobre a representação do município como capital da moda íntima já que o setor metal-mecânico e de agronegócios emprega e gera muito mais riquezas do que o setor de lingerie.
História e Memória
Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
Nova Friburgo recebeu os primeiros colonos suíços entre o final de 1819 e princípio do ano seguinte. No entanto, o local em que os colonos foram instalados denominado de Núcleo Colonial não possuía, em sua maior parte, terras férteis e condições materiais para a atividade agrícola. Por isso, foram pouco a pouco abandonando o Núcleo Colonial. A população de 1.662 suíços em 1820 ficará reduzida a 632, dez anos depois. Muitos desses colonos se deslocaram para o município de Cantagalo. Com o tempo, a presença de suíços em Cantagalo será equivalente ou ultrapassará a de Nova Friburgo.
Desfile de 7 de setembro em Nova Friburgo. Escolas municipais, as tradicionais bandas de música, o tiro de guerra, bombeiros, polícia militar, instituições da cidade e os fuzileiros navais. Muitos já devem ter se perguntado: o que faz uma base da Marinha do Brasil na região serrana? E por que os friburguenses se referem a essa instituição militar como Sanatório Naval e não como Marinha? Essas respostas estão em uma interessante história que remonta ao fim do século 19.
Como foram as comemorações do centenário de Nova Friburgo em 1918? Pela manhã, celebração de missa campal na capela armada na Praça Getúlio Vargas. Às 13:00 horas se realizou uma sessão solene na Câmara Municipal. O discurso de Agenor de Roure destacou a epopeia dos suíços e definitivamente consagrou Nova Friburgo como a Suíça Brasileira. Nos festejos, bandas de música e centenas de crianças cantavam o recém criado hino da cidade. Foi inaugurado um monumento comemorativo do centenário, uma estátua com a representação de uma colona suíça segurando em seu colo um bebê.
O combate ao mosquito Aedes aegypti é um problema de saúde pública desde os primórdios da nossa história. No passado se denominava febre amarela e não dengue e as teses sobre a origem da doença eram ainda discutíveis no meio médico. Oswaldo Cruz foi o médico sanitarista chamado para conter essa e outras moléstias como a varíola e a peste bubônica que proliferavam no Rio de Janeiro, então capital da República. Em 1903, foi nomeado diretor geral da saúde pública e recebeu amplos poderes para sanar os problemas de saúde e higiene no Rio de Janeiro.
A vegetação nativa das áreas de preservação permanente foi ao longo dos anos sendo retirada para dar lugar a culturas agrícolas no cinturão verde que compreende Nova Friburgo, Sumidouro e Teresópolis. A erosão das margens dos cursos d´água e a perda do solo nas áreas de preservação permanente ocupada pela agricultura acarretou o assoreamento dos rios potencializando os efeitos das enchentes.
Até aproximadamente meados do século 20, a maior parte da população friburguense vivia no campo. No entanto, o emprego gerado pelas indústrias têxtil, metalúrgica e de artefatos de couro, a partir de 1911, passou a atrair a população para o centro urbano. Por outro lado, historicamente, Nova Friburgo se desenvolveu às margens da economia cafeeira de Cantagalo. Com o fim da escravidão, associado a outros fatores, os fazendeiros dessa região faliram. De plantação de café, a maioria das fazendas se transformou em criação de gado, que demanda pouca mão de obra.
Para quem conhece a história de Nova Friburgo, as enchentes do Rio São João das Bengalas não surpreende. Desde a fundação da vila, em 1820, as enchentes desse rio sempre causaram danos materiais e, às vezes, humano. Como historicamente as cidades sempre se originam ao redor dos rios, Nova Friburgo desenvolveu-se às margens do Rio São João das Bengalas, formado pela confluência dos rios Cônego e Santo Antônio que se lança no Rio Grande e deságua no Paraíba do Sul.
Quando da chegada dos colonos suíços ao Brasil, o rei Dom João VI determinou algumas providências para o seu transporte do Rio de Janeiro até a Fazenda Morro Queimado, em Cantagalo, futura Nova Friburgo. O eclesiástico Pedro Machado de Miranda Malheiro, inspetor da colônia, estaria incumbido de cumprir as providências determinadas pelo rei de traslado dos suíços desde o Porto do Rio de Janeiro até o seu destino final. Conforme vimos no artigo anterior publicado aqui na última quinta-feira, 7, as determinações do rei foram cumpridas pelo inspetor da colônia.
Quando da chegada dos colonos suíços ao Brasil, em 1819, o rei Dom João VI determinou algumas providências para o transporte dos suíços do porto do Rio de Janeiro até a Fazenda do Morro Queimado, no distrito de Cantagalo, futuro termo de Nova Friburgo. Pedro Machado de Miranda Malheiro, inspetor da colônia, estaria obrigado a cumprir algumas providências determinadas pelo rei. Seriam elas: assim que chegassem ao porto do Rio de Janeiro os colonos receberiam pão ou biscoito, carne fresca e sal. Assim que fossem desembarcados dos navios seriam transportados por barcos até Tambi.