A vida é um sopro. Como essa frase tem soado familiar, ultimamente. E como faz sentido. Quando o “combo” reflexivo que envolve as dores das perdas, do medo do que poderia ter sido e não foi, da consciência de que a vida passa, de fato, muito rápido, que o tempo realmente não volta e que todos aqueles conselhos de avós que ouvimos quando crianças nada mais são do que a expressão da vida real com a qual invariavelmente nos deparamos, muitas vezes pensamos: precisamos ser felizes. Hoje.
Com a palavra...
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
Dois mil e dezenove. Brasil. “Não podemos retroceder” – foi o que pensei. Ou melhor, é o que penso. Esses dias fiquei impactada com duas narrativas, a meu (humilde) ver, brilhantes pela reflexão que provocam: o filme “ Roma”, de Alfonso Cuarón e o livro “ Todas as cores do céu” de Amita Trasi.
Vontade de sumir. Às vezes ela vem. Ter coragem de adentrar por uma floresta, inspirar o ar puro da mata verde. Sem ruído. Sem humanos por perto. O cenário pode ser outro. Uma praia deserta. Uma cabana no meio do nada. O topo de uma montanha. Uma caverna inexplorada. O importante é que seja só. Ah! Se fosse verossímil e possível um súbito sumiço, em segurança, para um lugar paradisíaco, até a retomada de um equilíbrio e a despedida dessa vontade. São necessários, muitas vezes, esses tempos de hiatos. Apenas a natureza. A própria respiração como único som.
Dia 01. Pés descalços. Ondas puladas. Uvas digeridas. Abraços dados. Energia renovada. Compartilhada. Promessas feitas. Ou refeitas. Desejo do novo. Retrospectiva passada a limpo. Projetos para investir. Gente para atrair. Gente para deixar ir. Consciência do dinheiro a mais gasto. Lembrança das contas extras que estão por vir. Horóscopo lido. Vídeos de astrologia assistidos. Até simpatia teve. Opa, é o ano do porco! Verão no trópico. Calor intenso. Chuva na mesma proporção. Temperatura alta. Fotos postadas. Alegria compartilhada.
2018 está se despedindo e inevitável se faz tecer fios de esperança para o que está por vir. Esperamos todos que a paz se faça em sentido amplo. A retrospectiva desse ano nos remonta coletivamente a um turbilhão de notícias embaraçosas das quais muitas preferem nem lembrar. Alguns laços foram desfeitos por questões ideológicas, os nervos saltaram à pele de muitos quando o assunto foi política, os noticiários repetiram temas de violência e por aí vai.
Caminhamos anos à fio tecendo emendas de sabedoria. Ou melhor, buscando. Dizem que o avançar da idade tem isso de bom, a experiência um tanto convolada em saber. Mas devemos convir que algumas situações têm o condão de ensinar de forma intensa. O sofrimento, a despedida, a demissão, a separação, a perda etc, etc, etc. Creio que momentos que demandam alto grau de superação assemelham-se aos cursos intensivos, daqueles cujo principal desafio é aprender muitas coisas em pouco tempo. Funciona. Não sei quanto aos cursos, mas quanto à vida, invariavelmente há de surtir efeitos.
Estamos a poucos dias do Natal e as músicas típicas da época já entoam os ambientes. “Papai Noel, vê se tem a felicidade pra você me dar.” É o pedido feito na letra da canção “Boas Festas”, da cantora Simone, que ouvimos (e por vezes cantamos) em todo canto. Se o Papai Noel realmente existisse e tivesse o condão mágico de realizar desejos, quantos de nós clamaríamos por esse presente: a felicidade. Não posso dizer que todos, pois sabemos que a unanimidade é tola. Mas acredito que muitos. Se a felicidade não é o destino que perseguimos, o que mais desejamos?
Parece que foi ontem que eu estava pensando no que escrever para a transição do ciclo do ano. Conectei-me na energia da abundância e assim fiz meus agradecimentos, pedidos e prospecções. Desejei a fartura de tudo, da saúde, do amor, da prosperidade, das experiências. Desejei abundância de afetos, de sentimentos, de força de enfrentamento e superação.
Certa vez tive uma oportunidade especial: plantar um pé de manacá, aquela árvore florida, cheia de beleza que atrai tantos olhares admirados. A que plantei, em um solo sagrado - literalmente, ganhou um número, "Manacá 200", do qual não me esquecerei. Dizem que plantar uma árvore é a realização de um sonho que todos deveriam cumprir em vida. Estreei logo com essa "árvore de flores" que agrega tantos predicados.
Black Friday: sobre o que mais tenho visto propagandas aleatórias nesse universo apresentado a nós por meio da internet. Está aberta a temporada. Muitos produtos sendo ofertados, alguns deles com preços realmente incríveis. Outros, nem tanto. Bastante marketing. Alguma ansiedade. Lucros para as empresas. Oportunidades surgindo. A roda da economia girando. Consumidores investindo seus créditos. Desejos materiais sendo concretizados. Coisas e mais coisas.