Momentos Literários

Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

10/02/2016

Comecei a escrever esta coluna no domingo de carnaval e vou terminá-la hoje, terça-feira. Passei pelos dias de escolas de samba e blocos de rua, refletindo sobre os momentos em que o povo, mergulhado em histórias, se entrega à alegria.

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03/02/2016

Aquele momento me faz refletir sobre restos. Já tinha pensado sobre sobras, inclusive sobre a diferença entre coisas que têm a mais e a menos, que geralmente ganham de nós palavras superlativas, como as muitíssimas bem ditas por José Dias.

Era um final de tarde de quarta-feira de cor cinza por um resto de chuva.  Naquele momento indefinido, fui convidada a tomar um café na casa de um casal amigo. Queridíssimo, por sinal. Eles sabem, como poucos, preencher os vazios de quem os cerca. E a vida está cheia deles.

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29/01/2016

Versos e frases ficam guardados em mim como bússolas em caixas de veludo. Costumo usá-las para não me perder e naufragar nos oceanos pelos quais passo. O alento e a potência das ideias são magnéticos e me apontam a determinadas direções. Como meu pensamento gosta de se deitar nas redes do imaginário, elas possuem a força da gravidade.

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18/01/2016

Gosto de tomar o café da manhã com o computador aberto, lendo o jornal. Porém, tenho notado que de um tempo para cá, vou direto para as colunas. Não apenas pelo fato de ser colunista: é que o mundo anda sofrido demais e o jornal, como seu reflexo, mostra notícias tristes. Mas, por outro lado, é sempre bom visitar amigos e os colunistas os são muito especialmente; compartilham suas ideias comigo na mesa matinal. E a gente conversa. Eles escrevem o que há de interessante, e eu, ao lê-los, sinto meu pensamento se movimentar. Começar o dia com a mente arejada é melhor.

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12/01/2016

Sobre uma estante na casa da mamãe havia um livro de capa vinho encorpada que eu, vez em quando, sentava no sofá e o abria. Ele era grande e pesado, mal podia equilibrá-lo sobre minhas pernas finas. Eu me orgulhava de ter um livro assim, tão diferente dos que conhecia e daqueles que minhas amigas tinham. Além do mais, suas figuras eram engraçadas: um cavalo troncha e um cavaleiro desengonçado. Na época, mal sabia ler, apenas escutava mamãe ou vovó dizer que era uma história conhecida. Talvez, não me lembro, elas me dissessem que era um clássico da literatura.

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05/01/2016

Ao saber que as músicas dos Beatles foram executadas 50 milhões de vezes nas primeiras 48 horas em que estiveram disponíveis nos serviços de streaming na internet, senti uma vontade enorme de escrever esta coluna sobre este conjunto inglês que está tão vivo quanto antes.

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30/12/2015

Acordei nas vésperas de 2016 com sol mal despontando atrás da montanha. Entre bocejos, dei uma volta no jardim e retornei à cama para acabar com um resto de sono guardado nas pestanas. Ainda abri a janela para continuar a ver o verde das plantas e o azul do céu. De olhos fechados, fiquei escutando o suave ruído do vento tocar as árvores e o piar dos passarinhos, especialmente dos filhotes de um ninho próximo à minha janela, que se misturavam com latidos longínquos e algumas vozes.

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21/12/2015

Agora é tempo de virarmos as páginas do nosso livro, aquele em que registramos o que vivemos. Pode ser em diários, memórias ou contos. Há quem escreva biografias e romances. Ou seja através de álbuns de fotografia. Ainda há os que gostam de sentar à beira do lago para fazer o passado vir à tona. Enfim, de qualquer modo, temos em nós recordações que são como os pedacinhos de pão que João e Maria jogavam no caminho para não se perderem na floresta.  

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14/12/2015

Vocês, por acaso, sabem o que é bibliodiversidade? Um conceito novo, criado há alguns anos apenas, provavelmente na América Latina.

Vou começar a explicá-la a partir desta imagem que mostra um menino sentado sobre uma pilha de livros. Alguns são grossos, outros largos, muitos de capa envelhecida. Os novos estão entremeados entre todos. A pilha é tão comprida que o menino coloca os braços sobre um muro alto e admira a paisagem. A paisagem é o mundo.

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03/12/2015

Ao falar de cirandas tive mais uma vez a certeza que as palavras nos deixam registros, através dos quais construímos nossa identidade. Somos o que somos pelo o que vivemos. Pelo o que escutamos, lemos ou falamos. E isso inclui as palavras que escrevemos.

O que vou escrever hoje não pode ser classificado de literatura, mas eu pego carona nas suas asas e vou falar de bilhetes. Aliás, de apenas um bilhete.

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