Convivemos, então, com quatro tipos de professores. O primeiro deles é o controlador. Se ele pudesse algemava um aluno na porta da sala. Tudo controla, em tudo interfere no que é necessário e no que é supérfluo. O que comanda a convivência é a vontade própria, típica do “eu quero, eu mando”. Trata-se de uma postura autoritária, não uma postura de quem detém a autoridade. Uma sala de aula não terá bons resultados de aprendizagem se não houver autoridade, contanto que não seja confundida com autoritarismo.
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
Os tempos mudaram. Já Camões nos lembra de que “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança”. Estas relações ficaram confusas e sem parâmetros, justamente quando ficaram mais esclarecidos os limites dos adultos em relação às crianças com a elaboração de um estatuto próprio, o ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente. Naquele momento, os adultos perderam o poder totalitário que mantinham sobre os menores de idade.
Se este dado espanta, é bom que saibamos que já foi muito pior há duas décadas. Se considerarmos os dados sobre o ano de 2001 o quadro é alarmante e pode, perfeitamente, indicar uma das razões de tantos jovens aderindo ao crime, inclusive por falta de incompetência para o trabalho. Os dois mapas abaixo colhidos na edição de agosto de 2014, ano 8 número 40 da revista Escola Pública mostrarão em que situação estamos em relação ao panorama de 2001 e 2012.
Quando surgem oportunidades de captação de alunos neste imenso mercado brasileiro, cuja demanda é reprimida quando se trata do ensino superior, a tendência é recolher o maior número possível de candidatos, sobretudo quando o financiamento é garantido pelo Fies.
Um almoço com a direção do Sesc de Uberlândia, após palestra para mil professores daquela cidade, colocou-me em contato com um brasileiro com inúmeros trabalhos mundo afora, inclusive em Moçambique.
Da conversa surgiu o fato e, dele, a reflexão que compartilho com vocês, leitores desta coluna.
Muitos profissionais modernos são nômades. Antigamente os monges da Ordem de São Bento faziam votos de estabilidade, ingressavam num mosteiro para toda a vida. Hoje, nem os monges escapam.
Há poucos anos o endereço fornecido e estampado em cartão de visitas era o do escritório ou residência. Os telefones eram fixos e, mais fixo ainda, o fax. Chamávamos de endereços territoriais, Hoje, os endereços mais seguros são nômades. O celular e o e-mail, o Messenger e o WhatsApp.
Acabei de ler os 13 pontos apresentados por Mangabeira Unger, Ministro para Assuntos Estratégicos focando a educação brasileira. Imediatamente pensei no relatório Faure publicado a pedido da Unesco em 1971, cuja coletânea foi intitulada: Aprender a Ser. Os quatro pontos para a educação que surgiram no Brasil no final do século XX, com 30 anos de atraso, estavam refletidos no aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.
Não vejo problemas no aproveitamento dos resultados do Enem para a classificação dos alunos candidatos ao Fies. O desvirtuamento deste exame já ocorreu desde o momento em que ele deixou de ser um avaliador do ensino médio e passou a ser usado para selecionar alunos para o ensino superior. Usar o mesmo instrumento demanda menor despesa por parte do órgão selecionador.
Creio que todos os ministros escolhidos para as várias pastas do executivo federal devem ser pessoas “boas”. Esta afirmação da Presidente da República responde a uma série de indagações e, ao mesmo tempo, deixa um vazio no ar. O que será ser bom para a educação?
Se um ministro é esperado, entre outras coisas, para fazer ajustes políticos nas bancadas e ser um articulador no entrosamento entre o executivo e o legislativo, então ser um “bom” ministro extrapolaria a ação específica conforme cada pasta.
Uma organização internacional, como a Unesco, tem de estar preocupada com a quantidade de crianças fora da escola em vários países e com uma quantidade ainda maior que não consegue concluir a educação básica.
O Brasil está com uma quantidade superior aos 95% frequentando a escola básica, porém, nosso problema é um pouco diferente: as crianças concluem, mas não aprendem o que deveriam.
Retrata bem esta questão uma pergunta que ouvi de um professor, há três anos, num município que assessorava: - Se todos aprenderem quem vai trabalhar para nós?