Colunas
O Enem e o Fies
Não vejo problemas no aproveitamento dos resultados do Enem para a classificação dos alunos candidatos ao Fies. O desvirtuamento deste exame já ocorreu desde o momento em que ele deixou de ser um avaliador do ensino médio e passou a ser usado para selecionar alunos para o ensino superior. Usar o mesmo instrumento demanda menor despesa por parte do órgão selecionador.
Normatizar o ingresso através do Fies exigindo pontuação mínima e nota diferenciada de zero na redação parece-me um mecanismo para disciplinar o ingresso com um mínimo de perspectiva para o aluno ter condições de lograr êxito no ensino superior.
Mas alguns perguntam sobre o porquê destas medidas. Simples: primeiro as universidades particulares têm a garantia do pagamento deste financiamento; segundo, muitas universidades onde as mensalidades são pagas apresentam maior facilidade nos quatro primeiros períodos e introduzem maior dificuldade nos últimos períodos da instituição, o que vale dizer que os primeiros períodos sustentam os últimos. Ora. Se o aluno ingressante não tem perspectivas para continuar além do quarto período, a instituição já conseguiu seu objetivo quanto ao sustento de seu sistema.
Exigir 450 pontos no Enem e nota diferenciada de zero na redação é uma exigência muito baixa ainda, sobretudo porque as correções são feitas pela Teoria da Resposta ao Ítem, o que significa que 450 pontos pode representar uma nota entre zero e dez, menor que três.
O ministro terá problemas com o pagamento dos serviços terceirizados nas universidades? Sim. O que está em jogo é outra questão, que pode ser vista pelo olho mágico da ética: há universidades que têm em seus quadros funcionários para todos os serviços e, além deles, os terceirizados. Nenhuma instituição decente conseguiria sustentar um sistema desses. Se o país está passando por um momento de ajuste, também estas aberrações precisam ser analisadas.
Como o ministro é professor de ética, bastaria que ele submetesse cada situação aos três famosos verbos que conduzem a ética: quero, posso e devo; se tudo for positivo, faça; se houver alguma negação em relação a estes três verbos, não faça.
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
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