A menstruação marca momentos importantíssimos da vida feminina.
Sua primeira aparição gera para a menina um momento de afirmação, sua saída do mundo das crianças e seus primeiros passos para a feminilidade, para a adolescência.
Mais tarde, sua falta sinaliza a possibilidade de uma sonhada gravidez, ou muitas vezes o medo de uma gestação não desejada.
Depois dos quarenta e tantos, começa a aproximar-se o momento da despedida.
É a aproximação dos últimos dias de uma longa convivência, que durou por volta de quarenta longos anos.
A Saúde da Mulher
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
Um filme japonês de excelente qualidade, exibido muitos anos atrás nos cinemas brasileiros, que tive a oportunidade de assistir em uma fita cassete que aluguei em uma casa de vídeos, mostra de maneira clara e com um toque de ternura e sofrimento a solução daquela época para o idoso.
O titulo era “A balada de Narayama”.
Desde pequenos todos nós começamos a receber informações do ambiente que nos rodeia. É nesta época que os bebes vão guardando as imagens da mãe e do pai, que são as pessoas mais presentes no seu dia a dia.
A importância disto é tão grande para a formação do ser humano que basta um pequeno afastamento da mãe e normalmente a criança começa a chorar.
Não somente a imagem, mas também a voz e o cheiro maternos formam os primeiros arquivos daquilo que chamamos de memória.
É uma grande ironia da vida o que ocorre com o sistema de saúde nacional.
Em grande parte o que acontece está intimamente ligado ao jeito brasileiro de ser, com improvisação e falta de planejamento.
Na verdade nos acostumamos a viver apagando incêndios. A cada dia que passa nós apagamos um.
Hoje apagamos este, no dia seguinte combatemos outro e por aí afora. Apesar de possuirmos um dos maiores programas de atendimento em saúde pública do mundo, o sistema SUS, destinamos para ele apenas oito por cento do que o país arrecada e ele funciona mal na maior parte do Brasil.
Na história da humanidade, um dos elementos mais presentes é o medo.
Desde o tempo das cavernas, quando a única garantia de sobrevivência era uma boa caverna por perto, nos momentos de emergência, quando algum enorme animal comedor de carne aparecia. E uma boa caverna era aquela que tinha uma entrada estreita, bem apertada, apenas o suficiente para a passagem de uma única pessoa por vez, o que garantia que os animais por ali não passariam. Era o medo de ser devorado vivo.
Os medos nos acompanham desde aqueles tempos.
Causa de mal-estar, de constrangimentos e inclusive de mudanças de hábitos vida.
Aparentemente um pequeno problema, tanto que nem é levado muito a sério pelos familiares e amigos, mas só quem dele padece é quem sabe onde a corda aperta.
Refiro-me a uma alteração na função urinária feminina que recebe diferentes nomes.
Na roça e nos interiores do país se fala em “urina solta”,”bexiga arriada”, nas cidades e nos meios médicos se utiliza um termo mais nobre, contudo não menos verdadeiro, que é incontinência urinária.
De boas e más notícias a vida é feita. A medicina, como parte da existência humana, também se sujeita a esta realidade. A batalha diária travada pela humanidade buscando sobreviver e manter-se como espécie na face do planeta é uma constante.
Luta-se para controlar a proliferação de outras espécies que, se não forem mantidas em estrito controle, colocariam em risco a nossa sobrevivência.
Ao longo dos últimos séculos, o tempo de vida dos seres humanos vem se prolongando.
Se, por exemplo, na chamada idade da pedra, lá num passado bem distante, a existência de um homem ou mulher era de dez ou trinta anos, este mesmo tempo foi alongado sucessivamente ao longo dos anos que se seguiram.
Nos países ditos do primeiro mundo, aqueles onde os níveis de qualidade de vida e desenvolvimento das sociedades é mais evidente, não se fala apenas em população da terceira idade, mas da quarta.
Nestas nações, os grupamentos de mulheres e homens acima dos oitenta anos são bastante importantes. Estas pessoas alcançaram tal idade não apenas por razões genéticas ou de hábitos mais saudáveis de vida, mas por um grande conjunto de situações, que envolvem muito mais itens do que estes citados acima.
Cada geração tem os seus próprios fantasmas. Os mais velhos, acima dos setenta, assistiram ao medo que seus pais e avós demonstravam quando se falava em tuberculose, paralisia infantil, sarampo e muitas outras doenças que se transmitiam de pessoa a pessoa, sem falar nas temidas epidemias de gripe. Ainda podemos falar da raiva, que os animais contaminados passavam para as pessoas. Depois do surgimento das vacinas e dos antibióticos, as coisas melhoraram muito e aqueles medos foram perdendo a força e sendo vistos como coisa do passado.