Que problema!

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Causa de mal-estar, de constrangimentos e inclusive de mudanças de hábitos vida.

Aparentemente um pequeno problema, tanto que nem é levado muito a sério pelos familiares e amigos, mas só quem dele padece é quem sabe onde a corda aperta.

Refiro-me a uma alteração na função urinária feminina que recebe diferentes nomes.

Na roça e nos interiores do país se fala em “urina solta”,”bexiga arriada”, nas cidades e nos meios médicos se utiliza um termo mais nobre, contudo não menos verdadeiro, que é incontinência urinária.

Isto representa a incapacidade de a mulher que sofre desta alteração conseguir controlar, reter a urina. Esta situação acaba por criar um estado de grande insegurança na pessoa, começando aos poucos a interferir em sua vida diária.

Uma das primeiras alterações que se nota é a mudança do hábito de sair muito de casa.

A mulher quando percebe que aquela perda de urina que começou a ocorrer uma vez ou outra não foi um simples acidente, um acaso, mas sim alguma coisa mais séria que começa a se tornar um transtorno de todas as horas e todos os dias.

E desta forma silenciosa e contínua, vai a mulher atingida procurando, das formas mais ao seu alcance, contornar a situação.

A maneira mais simples e que está à mão de todas é a utilização de fraldas.

É um modo fácil de resolver por algum tempo a questão. Mas como não vai solucionar a causa principal, que é a incapacidade de segurar a urina, de mantê-la sob o controle da vontade, outros problemas vão aos poucos aparecendo.

Um dos primeiros é a assadura que o contato da urina com a pele da região próxima vai causar. Cria-se então uma luta da pessoa buscando abrandar as irritações com o uso de cremes para proteger a pele, às vezes os mesmos produtos disponíveis para resolver aqueles problemas nos bebês.

Surge então um segundo incômodo, que é o indisfarçável odor da urina, que fica impregnado na pessoa e a obriga a usar perfumes e colônias ou talcos de perfuma forte para esconder o problema.

A solução na verdade não soluciona muita coisa, e a luta de cada dia continua.

A bexiga se torna desobediente, resolve criar vida própria, e passa a infernizar a infeliz criatura.

Em tempos passados, quando o número e a quantidade de partos normais era grande, nós ginecologistas realizávamos muitas cirurgias para a cura daquela incontinência urinaria. Nem todas bem-sucedidas, diga-se de passagem, por várias razões, mas felizmente a maioria delas cumprindo a missão que se propunha. Que era a de recolocar no devido lugar a desobediente e inconveniente bexiga.

Hoje esta é uma doença menos frequente, pois com a diminuição dos partos vaginais, substituídos pelas cesarianas, as lesões na musculatura vaginal que sustenta a bexiga em seu lugar deixaram de ocorrer.

Mas ainda assim centenas e centenas de mulheres sofrem em silêncio a desobediência de suas bexigas, que por outras razões, neurológicas, emocionais, envelhecimento e outras tantas causas, teimam em não reter o incômodo líquido.

TAGS:
Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.