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Prometeu que envelheceriam juntos, mas esqueceu
Ainda longe da cura e de tratamentos eficazes, como dispomos para outras doenças que afetam o sistema nervoso, segue a Doença de Alzheimer fazendo vítimas em todos os cantos do mundo.
Se, nos primeiros casos diagnosticados, a idade avançada era uma das suas características marcantes, hoje em dia o aparecimento de sintomas da doença em indivíduos mais jovens vem chamando atenção dos pesquisadores.
Portanto, o envelhecimento, populações cada vez com maior número de idosos, gente acima de sessenta e cinco anos, já não é a única explicação para o crescimento da enfermidade.
Se uma das principais hipóteses para ela era uma degeneração dos tecidos do cérebro, causada pela longevidade, como explicar, com base nesta suposição, os casos que estão aparecendo em pessoas com bem menos idade?
Varias hipóteses vêm sendo citadas ao longo dos últimos anos para as prováveis causas da doença, entre elas alguma possível virose.
Apesar dos esforços da comunidade científica mundial, os progressos ainda são poucos, até mesmo para a compreensão da doença em si.
Hoje, ela se tornou uma das doenças mais usadas, pela população em geral, para explicar as alterações que afetem seus parentes idosos.
O diagnóstico é de difícil conclusão. Nem mesmo os exames mais sofisticados, sozinhos, conseguem garantir a presença da doença. O exame de fragmentos de tecido cerebral ainda é o método mais aceito como meio de não deixar dúvidas.
A fronteira entre diferentes patologias do sistema nervoso é muito estreita. Estas doenças são muito próximas umas das outras e seus sintomas também podem ser bastante parecidos.
Desta forma, fica restrito a especialistas bem treinados e com longa prática a possibilidade de dar diagnósticos apenas com base nas entrevistas feitas com a família e com o paciente.
Os tratamentos, em sua grande maioria, são pouco eficazes. As drogas mais utilizadas são caras e permanecem fora do alcance da massa da população.
Ainda não temos no nosso país uma cultura de prevenção e atenção para esta enfermidade, como em países europeus, mas já estamos caminhando neste sentido, apesar forma lenta. Um interessante filme, com famoso ator norte-americano, aborda o mal de Alzheimer de modo muito sensível e humano. Em uma das cenas, um casal idoso, de mãos dadas, caminha por uma calçada e a mulher comenta para o marido: “Você prometeu que envelheceríamos juntos, mas você esqueceu”.
Alguns médicos comentam a respeito deste mal, que ele tem um lado cruel, e um outro piedoso, se é que podemos falar desta forma.
O lado cruel é que rouba o indivíduo de si, de sua gente. O piedoso é que a pessoa não percebe nada disto, ela esquece de tudo.
Por enquanto, ainda sem uma explicação satisfatória da medicina, e sem medicação curativa, resta manter atividade intelectual o mais que se possa, mesmo simples, como fazer palavras cruzadas. Manter o mais que se possa um convivência com outras pessoas, praticar atividades físicas adequadas para a idade e distrações.
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Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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