A memória, que pena que ela se vai embora!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Desde pequenos todos nós começamos a receber informações do ambiente que nos rodeia. É nesta época que os bebes vão guardando as imagens da mãe e do pai, que são as pessoas mais presentes no seu dia a dia.

A importância disto é tão grande para a formação do ser humano que basta um pequeno afastamento da mãe e normalmente a criança começa a chorar.

Não somente a imagem, mas também a voz e o cheiro maternos formam os primeiros arquivos daquilo que chamamos de memória.

O processo e os mecanismos envolvidos no desenvolvimento deste incrível sistema de manter guardados os acontecimentos, as imagens e os odores ainda são bastante desconhecidos pela nossa ciência. Da mesma forma como desconhecemos o modo pelo qual o nosso cérebro traz ao presente, sempre que precisamos, as informações guardadas em algum local daquele imenso arquivo vivo.

Imagine o que seria da sua vida se você tivesse que reaprender todos os dias a escovar os dentes, a se vestir, a calçar o tênis.

Se tivéssemos que novamente adquirir os mínimos conhecimentos necessários para executar as tarefas do dia a dia, como acender a luz, vestir uma camisa, ligar o fogão, dirigir uma motocicleta ou um carro. Reaprender a sair de casa, a fazer o trabalho normal.

Sem esta faculdade tão comum, que nem nos preocupamos com ela, tão simples e fácil, sempre tão presente a todos os instantes da nossa vida, a existência seria completamente impossível.

Enquanto a memória dos animais e das bactérias, insetos, pássaros, aparentemente já vem pronta desde que existem, a nossa é um processo lento e muito elaborado, baseado completamente no aprendizado.

Precisamos que alguém nos ensine e nos mostre como fazer, e também necessitamos repetir muitas vezes os mesmos procedimentos, para que a lembrança das coisas fique bem marcada e gravada em nosso cérebro.

A formação dos profissionais é extremamente longa e lenta. Ninguém aprende a ser um médico em algumas horas. Ninguém aprende a pilotar um avião em um curto tempo.

Até mesmo pequenas e simples atividades da vida, como fazer uma refeição, preparar uma comida por mais simples que ela seja, todas estas e outras coisas da nossa vida precisam de muito tempo e treinamento para serem bem memorizadas.

Depois disto,dificilmente se esquece de como repeti-las.

Quem já andou de bicicleta, por exemplo, nunca esquece.

Mas a memória não é infalível. Todos nós já passamos pelo incomodo de encontrar uma pessoa, que já não vemos há muitos anos, e quando ela nos pergunta se sabemos quem ela é ficamos com cara de bobo e muito sem graça somos forçados a pedir desculpas e dizer alguma coisa, para amenizar a situação.

Com o envelhecer, esta gigantesca e maravilhosa capacidade de guardar informações e fisionomias e cheiros vai se apagando. O desgaste das estruturas cerebrais, provocado pelo passar do tempo, vai fazendo com que mínimas coisas sejam esquecidas. Mais para a frente, vamos perdendo as lembranças das coisas mais vitais, nomes de parentes, fisionomias de velhos amigos, como se alimentar, nomes de objetos do uso diário, como copos, sapatos etc, vão fugindo e abandonando nosso cérebro.

É o fim de um ciclo, que começa logo que nascemos, permanece conosco por longos anos e depois, lentamente, assim como apareceu, some na escuridão.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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