Salvar vidas

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Tecnologia é hoje a grande parceira da medicina em todo o mundo. Apesar dos altos investimentos que exige, e dos custos para a manutenção dos aparelhos, as equipes que operam estas máquinas, com médicos altamente especializados e pessoal de apoio como os técnicos, sem falar nas turmas que fazem a manutenção periódica dos mesmos, é impensável que se possa viver sem ela. É algo que veio para ficar, e que tem salvo milhares de vidas.

Mas, apesar disto, se fizermos uma medicina completamente baseada nesta cara estrutura, se os médicos abandonarem de vez, como parece estar ocorrendo em muitos lugares, a boa medicina das evidências, uma prática louvada e estimulada por professores de escolas médicas mundo afora, aí sim teremos sérias dificuldades.

Países de primeira grandeza, que sempre ofereceram a suas populações uma medicina apoiada por esta onerosa estrutura tecnológica, estão agora revendo esta conduta.

Que dizer então de nações como a nossa, onde as dificuldades na área da saúde são imensas, apenas para citar algumas principais: rede hospitalar precária e médicos em número insuficiente e mal distribuídos pelo território nacional. Pessoal de enfermagem escasso e também concentrado em determinadas regiões. Deficiência de especialistas em medicina de laboratório e também de pessoal técnico para auxiliá-los.

E poderia citar muitos outros pontos fracos.

Uma das nações mais ricas do planeta, os Estados Unidos da América, estão passando por uma fase de rediscussão de seu sistema de medicina pública, principalmente pelo altíssimo custo financeiro que, mesmo assim, não consegue atender a todos os cidadãos de forma igualitária.

Boa medicina, funcionando de modo harmônico e usando com equilíbrio os seus recursos, mesmo que limitados, pode alcançar êxito e promover uma boa assistência à população.

Preservar os hospitais como o último recurso a ser utilizado é a primeira providência de bom senso. Hospital é local sagrado, se podemos dizer desta forma. É local onde se salvam vidas e se resolvem os casos de maior gravidade. É absurdo transformá-los em locais de simples consultas médicas. Assim permitindo, nós esgotamos suas equipes, as quais devem ser reservadas para o que realmente é de sua competência, que é salvar vidas.

Uma boa rede de locais onde estas consultas de pequena ou média importância possam ser devidamente proporcionadas, providos de condições para exames de laboratório básicos, dotados de algum serviço de imagem como ultrassonografia e RX de pequeno porte, resolveriam as necessidades imediatas, permitindo aos médicos que ali clinicam as mínimas condições para resolver efetivamente os problemas das pessoas que para ali se dirijam. Mas nada disto será possível sem eliminarmos grande parte da burocracia que emperra não só a saúde publica, mas a própria vida da nação.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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