Hoje os meus personagens resolveram me visitar e chegaram sem avisar. Acordei rodeada por eles; falantes, brilhantes e amorosos. Já os mencionei ao longo das colunas, mas falar especialmente deles, nunca aconteceu. Deveria ter acontecido, entretanto houve um certo acanhamento. Talvez, tenha sentido alguma timidez em mostrá-los ou um certo medo de conhecê-los melhor, uma vez que ao me dedicar a eles, fora do contexto da história, possa desvelá-los com maior nitidez e descobrir que trazem um pouco da pessoa que sou, da qual não lá goste muito de ser.
Momentos Literários
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
Quando Shakespeare nasceu? Em nosso tempo ou há mais de quatro séculos atrás, em 1564. Pela sua atualidade, originalidade e capacidade intelectual brilhante podemos até dizer que ele está além do nosso tempo.
A literatura tem uma modernidade exuberante porque é a vida contada, recriada e comentada. Rapidamente, consegue nos colocar contra a parede e lançar por terra alguns conceitos que conservamos como verdadeiros.
O Clube de Leitura Vivências, organizado por Márcia Lobosco, que acontece todas as terças-feiras, na Academia Friburguense de Letras, nos ofereceu uma experiência enriquecedora com a leitura de “Uma furtiva lágrima”, da acadêmica Nélida Piñon. O livro reúne textos através dos quais a autora se debruça sobre seu extraordinário passado, mostrando os meandros e as reticências da sua alma em detalhes.
Esta semana houve um ato de censura na bienal do livro, quando um
grupo de fiscais da Secretaria Municipal da Ordem Pública recolheu livros que
tratavam de temas ligados à homossexualidade. Este ato me provocou
algumas reflexões.
A primeira delas e a mais relevante é que a literatura, enquanto arte da
palavra, revela a vida em todos seus âmbitos com a finalidade de mostrar fatos,
sensibilizar o leitor, apontar questões a serem refletidas. Em dois seminários
que fiz na UFRJ há alguns anos, percebi que o ponto de partida literário é o
Participei da Festa Literária de Maria Madalena de 2019 e assisti a palestra da autora homenageada, a escritora e acadêmica Nélida Piñon, aos alunos e professores das escolas públicas da cidade, como também a conversa da escritora Ana Beatriz Manier sobre seu livro Te ajudarei a ir se quiseres, dinamizada pela psicóloga e psicanalista Ester Satille. No dia seguinte, ainda li o livro lançado na FLIM, Um pé de sonho, da contadora de história Marisa Maia de Melo.
É pior do que mordida em bolo de chocolate quando a pessoa não consegue evitar de comer mais uma fatia, depois mais uma garfada e assim vai, de pedaço em pedaço, devorando o bolo inteiro, sentindo uma felicidade enorme. Isso também acontece com as histórias, contadas através de séries ou novelas, que pegam o espectador de um tal jeito que só consegue parar de assisti-las quando terminam.