Imóvel reconhecido como patrimônio histórico, de propriedade da Afape, a Associação Friburguense de Pais e Amigos do Educando, a residência da chácara da Vila Amélia foi tombada provisoriamente pela prefeitura municipal. No passado era a chácara do português Antônio Pinto Martins. Nascido em 1° de julho de 1862, natural do Minho, em Portugal, veio para o Rio de Janeiro com 11 anos de idade trabalhando como caixeiro. Com o tempo, de empregado se tornou dono de uma empresa. Casou-se com Carolina Gomes da Rocha em uma de suas viagens a Portugal tendo o casal oito filhos.
História e Memória
Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
Em Nova Friburgo, além da Freguesia de São João Batista, sede administrativa, surgem as freguesias de São José do Ribeirão, Nossa Senhora da Conceição do Paquequer e Nossa Senhora de Sebastiana. Essa última freguesia era denominada de Terras Frias, atual Campo do Coelho, terceiro distrito de Nova Friburgo. Na ocasião da aquisição de algumas sesmarias para fundar o termo de Nova Friburgo, entre elas a Fazenda do Morro Queimado, escolhida para o funcionamento administrativo e sede da vila, o Rei D. João VI reservou como propriedade particular a Fazenda Córrego d’Anta.
No princípio do século 19, a intensa pressão britânica para o fim da escravidão contribuiu para o projeto de colonização estrangeira no Brasil. A instituição de núcleos coloniais de povoamento em diversas regiões do país no reinado de D. João VI foi uma estratégia que tinha por escopo um novo modelo econômico que não mais se basearia no latifúndio e no trabalho escravo. Os núcleos coloniais teriam uma estrutura agrária baseada na pequena propriedade, na produção da lavoura branca com a utilização da mão de obra livre.
Na coluna dessa semana gostaria de indicar mais um livro recém-lançado, que trata da imigração suíça: “Coronel Júlio César Lutterbach, o dinamismo de um homem”, de Júlio César Araújo Lutterbach Galhardo de Castro. Através dessa obra podemos conhecer a trajetória dos colonos suíços que partiram para Cantagalo, rumo ao Eldorado.
Ao longo do século 19, o prestígio do bacharel em direito nos quadros da administração pública vai diminuindo gradativamente para dar lugar ao médico. Em Nova Friburgo não foi diferente. O livro de Dalva Ventura, “Nossos Médicos”, ajuda a contar a história política e social do município sob o viés de importantes atores históricos: os médicos. Dalva inicia com o primeiro deles, Jean Bazet, que acompanhou os colonos suíços dando-lhes assistência. Acertadamente dedica um capítulo a Carlos Éboli. Esse médico trouxe grandes benefícios a vila serrana.
O vereador Márcio Damazio, do DEM, encaminhou um projeto de Lei Ordinária a Câmara Municipal sugerindo a realização de rodeios, baseado na Lei Federal nº 13.364/2016. De acordo com essa lei, o rodeio, assim como a vaquejada, foi elevado à condição de manifestação cultural nacional e de patrimônio imaterial. Trata-se de uma lei recente do governo Temer que passou despercebida dos movimentos de proteção aos animais. No rodeio são previstas provas de laço, apartação, bulldog, provas de rédeas, provas dos três tambores, team penning e work penning paleteadas.
Como foi a comemoração do centenário de Nova Friburgo, em 1918? Antes de narrar os eventos, uma análise do município naquele momento. No campo da política uma novidade. Há apenas dois anos a Câmara Municipal havia perdido o poder executivo, que foi transferido para a figura do prefeito, limitando-se à função legislativa. O primeiro prefeito, eleito em 1916, se chamava Everard Barreto de Andrade e o prefeito na ocasião do centenário foi Silvio Fontoura Rangel.
Dos anos 30 até princípios dos anos 50 do século 20, funcionou em Nova Friburgo o bar Grito da Mocidade, frequentado somente por pessoas negras que se divertiam dançando, namorando e participando de encenações teatrais. Pertencia a Otávio, mais conhecido como Otávio do Grito da Mocidade, um homem forte e negro, maquinista-foguista da Estrada de Ferro Leopoldina. Funcionava na Rua Gonçalves Dias, no centro da cidade, próximo a prefeitura, igualmente rua do meretrício, na famosa Casa de Dona Sofia.
A história é viva e conforme avançam as pesquisas, traz-se luz aos acontecimentos ou mesmo fatos novos. Refiro-me a tese de mestrado de Rodrigo Marins Marretto, "A escravidão velada: A formação de Nova Friburgo na primeira metade do século 19", que demonstra uma imagem não muito simpática daquele que dá nome a sala principal da Câmara Municipal: o médico Jean Bazet. O número de escravos na Vila de Nova Friburgo sempre foi expressivo, alcançando quase metade da população e Bazet foi um dos que exploravam o trabalho escravo.
O distrito do Campo do Coelho onde está a localidade de Três Picos foi rota de tropas de mulas até o Porto de Magé e Porto das Caixas. Partindo das fazendas de Cantagalo, as tropas desciam a serra e seguiam até o mercado do Rio de Janeiro por meio de portos fluviais. Por ali passaram as tropas de mulas com bruacas pejadas de café até a introdução da ferrovia pelos filhos do Barão de Nova Friburgo, no ano de 1873. A partir de então, o café passou a ser transportado pela via férrea.