Emil Cleff, o rei do galão
História e Memória
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Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
Um galpão no Sítio Ypu
Inicialmente gostaria de esclarecer que todos os três artigos sobre a Fábrica Ypu têm como fonte tão somente o depoimento de Brigitte Madeleine Schultz, da família Pockstaller e do memorialista Décio Monteiro Soares, no livro “Terra Friburguense”. Quem sabe essas notas estimulem pesquisadores a se debruçarem sobre fontes primárias e através da análise de uma documentação, e com rigor científico, demonstrem como as indústrias mudaram a história de Nova Friburgo.
No princípio do século 20, as indústrias de empresários alemães que se instalaram em Nova Friburgo eram todas do ramo têxtil. Produziam ligas, suspensórios e passamanarias de um modo geral. Hans Gaiser foi o precursor da indústria metal mecânica no município com a produção de componentes para a construção civil. Em 1937, abriu a empresa Ferragens Haga fabricando chave, trinco, lingueta, gonzo e tranqueta. Em 1946, tal foi o seu crescimento que a Ferragens Haga se transformou em uma sociedade anônima passando para a razão social Ferragens Haga S.A.
No início do século 20, a Europa se recuperava dos impactos da Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto, a Alemanha vivia uma crise econômica sem precedentes em sua história. Hans Gaiser, nascido em 28 de fevereiro de 1897, em meio a toda essa turbulência, emigra para o Brasil em 1923, acompanhado da esposa Selma Gaiser. Engenheiro especializado em hidroelétrica e cálculo estrutural começa a prestar serviços na Usina hidroelétrica do Catete, na construção de pontes, pavimentação de estradas, geralmente obras de grande porte.
Na coluna de hoje destaco um dos trabalhos mais importantes que realizei em minha vida. Tudo se iniciou a partir de um contato que fiz com André Bohrer quando fazia uma reportagem sobre o Comitê de Bacia Hidrográfica Rio Dois Rios. Nessa ocasião, André me fez a proposta de realizar em parceria um documentário sobre o caminho das águas. O objetivo era apresentar a Bacia Hidrográfica Rio Dois Rios para a população que dela se beneficia, descrevendo a trajetória de seus rios e afluentes.
Lugares de memória. A cidade de Nova Friburgo tem muitos e um deles é o mercado, ou seja, a feira da Vila Amélia. No passado foi a chácara do português Antônio Pinto Martins. Antônio nasceu no dia 1° de julho de 1862, no Minho, em Portugal. Imigrou para o Rio de Janeiro com 11 anos de idade trabalhando como caixeiro. De empregado se tornou co-proprietário adotando o sobrenome Martins de seu sócio quando o mesmo faleceu, passando a chamar-se Antônio Alves Pinto Martins. Casou-se com Carolina Gomes da Rocha e tiveram oito filhos.
No século 19, as famílias de Nova Friburgo abasteciam suas residências nas fontes espalhadas em diversos pontos da vila. A Fonte do Suspiro era a principal delas e por isso, com o passar do tempo, deu origem a praça em seu entorno. No final daquele século o espaço foi urbanizado e, me parece, com um projeto do engenheiro Farinha Filho.
No artigo de hoje destaco um patrimônio público esquecido no coração da cidade, o Clube de Xadrez. Foi fundado por iniciativa de João Orlando em 26 de julho de 1927, para a prática do jogo de xadrez. Orlando, fundador e primeiro presidente vindo a residir em Nova Friburgo, como enxadrista que era, sentiu falta de parceiros para jogar xadrez. Passou a procurar na cidade pessoas que praticavam este jogo e conseguiu formar um bom grupo, o que motivou a criação de um clube para os amantes desse hábito.
Independentemente das terras doadas aos colonos suíços em Nova Friburgo serem férteis ou não, úberes ou não para a agricultura, há consenso entre alguns historiadores de que os suíços de qualquer forma teriam abandonado os seus lotes se dirigindo para Cantagalo e outras regiões. Mas por quê? No século 19, havia muitas terras devolutas, ou seja, terras abandonadas. E não eram poucas.
Neste artigo gostaria de fazer algumas reflexões sobre o último carnaval. Esse evento passa por transformações ao longo do tempo, ninguém o nega. No entanto, devemos estar atentos a certas influências nocivas às tradições culturais. Refiro-me ao funk. Muitas foram as reclamações dos foliões em Nova Friburgo em relação aos blocos de embalo, que ao invés de executar as tradicionais marchinhas e músicas de carnaval, tocaram funk.