A hidroterapia, terapêutica pela água fria, já era conhecida e empregada nos séculos passados. Deve-se a Eduard Hallmann (1813-1855), de Hanover, Alemanha, o estudo científico da hidroterapia. No entanto, como método baseado em princípios racionais e científicos foi adotada pela primeira vez no século XIX, na Europa, por Vincenzi Priessnitzovi (1799-1851). Priessnitzovi nasceu em Gräfenberg, que atualmente faz parte da República Checa. Em 1827, fundou um estabelecimento hospitalar destinado ao tratamento de doenças crônicas onde a água fria era a única terapêutica adotada.
História e Memória

Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
Em 1820, no início da fundação da vila de Nova Friburgo, vendedores apregoavam a venda de pães de milho. Toucinho e farinha faziam parte da alimentação básica diária da população. Na mesa do primeiro Barão de Duas Barras, ainda de costumes patriarcais mineiros, aparecia regularmente a canjica, as pipocas, a couve mineira, o caldo de unto e a rapadura. Há menção da existência de árvores frutíferas típicas da Europa, produzindo frutas de clima frio, nas regiões mais contíguas à serra. Havia igualmente vinhedos que se espraiavam pela vila de Nova Friburgo.
Em tempos remotos, os Zago, família de imigrantes húngaros, deslocaram-se para o norte da Itália tendo o gentílico se transformado em Zagni, adaptando-se ao idioma italiano. Parte da família arriscou-se à aventura da imigração no fim do século XIX, partindo juntamente com outros emigrantes para o sonho dourado da América. No imaginário da época, os emigrantes saíam da Itália não com a finalidade de vir para o Brasil, mas para a América. Não havia, em sua visão de mundo, a divisão entre América do Norte e do Sul. Tudo era América.
“Quando o apito da fábrica de tecidos vem ferir os meus ouvidos, eu me lembro de você. Você que atende ao apito de uma chaminé de barro, por que não atende ao grito tão aflito da buzina do meu carro?... Mas você não sabe que enquanto você faz pano, faço junto do piano, estes versos pra você. Nos meus olhos você vê, que sofro cruelmente, com ciúmes do gerente impertinente, que dá ordenas a você.” Noel Rosa escreveu esses versos para a sua namorada que bem poderiam ter sido escritos, na segunda década do século XX, por um boêmio friburguense. A indústria mudou Nova Friburgo.
Ao longo da história, o fato de se possuir um cavalo e de se transformar em um cavaleiro sempre deu status aos homens. Na Antiguidade, o imperador romano Calígula elegeu seu cavalo senador. Mas muito antes dele, Alexandre, o Grande, tinha no seu cavalo, Bucéfalo, o seu maior aliado nas batalhas. O cavalo sempre foi um companheiro de reis e nobres, tornando-se um esporte da aristocracia em várias nações europeias. No Brasil, no século XIX, com a europeização da sociedade brasileira, o turfe, ou seja, as corridas de cavalo, passaram a ser um esporte e uma forma de sociabilidade das elites.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) ocorreu um interessante episódio em Nova Friburgo envolvendo prisioneiros alemães. Esse episódio coincide com o início da industrialização do município e esses dois acontecimentos irão se imbricar para dar novos matizes ao momento histórico pelo qual passava Nova Friburgo. Na Primeira Guerra Mundial, vários navios alemães da Marinha Mercante foram detidos nos portos brasileiros. Ao todo foram apreendidos pelo governo brasileiro 45 navios mercantes que se encontravam ancorados em portos nacionais.
Conforme escreveu Melo Moraes Filho, “essa bem-aventurança popular, esse esquecimento momentâneo das lutas pela vida, só a religião largamente proporciona...”. As Folias de Reis ainda estão presentes na cultura popular de Nova Friburgo. Compostas por homens das classes populares, elas mantêm a tradição de antanho. O objetivo deste artigo é demonstrar como esta prática cultural se manifesta em Nova Friburgo, já que em cada região do Brasil ela varia sobremaneira. São componentes da folia o mestre, os contramestres e os foliões, ocorrendo uma hierarquia nessas posições.
“....fomos honrados com a Augusta visita de SS.AA. Imperiais, e por essa ocasião autorizamos ao sr. Fiscal fazer certos serviços para embelezamento da vila a fim de recebermos os Augustos hóspedes...” (Ata da 4ª sessão ordinária, em 21 de novembro de 1868). Em 1868, a Princesa Imperial e o Conde D’Eu estiveram na pacata vila de Nova Friburgo.