Parte 9
História e Memória

Janaína Botelho
História e Memória
A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.
As enchentes e o desmoronamento de morros, ocorridos na madrugada do dia 12 de janeiro desse ano, entram para a história de Nova Friburgo, e do Brasil, como uma das maiores tragédias provocadas por fenômenos naturais. É o nosso “11 de setembro”, numa analogia aos ataques terroristas ocorridos nos Estados Unidos da América. Nos jornais, além da divulgação de centenas de mortos e destruição material, a notícia de que os preços das hortaliças e legumes vão ficar mais caros nos próximos seis meses.
Pode parecer um paradoxo, mas na tragédia ocorrida no dia 12 de janeiro desse ano, existe algo de bom: a solidariedade. Esse espírito predominou em pessoas físicas, jurídicas, privadas e públicas. No episódio do Complexo do Alemão derrubou-se o mito de que o Estado não atingia determinadas zonas geográficas dominadas pelo tráfico de drogas. Esse mito foi destruído devido à conjunção de forças federal, estadual e municipal.
Parte 11
As enchentes sempre fizeram parte do cotidiano de Nova Friburgo. A vila de Nova Friburgo, criada em 1820, nas proximidades do rio São João das Bengalas, passaria toda a sua história lidando com as inundações desse rio. E como os friburguenses lidavam com esse infortúnio no passado remoto? Para responder a essa questão, utilizaremos como fonte os códigos de postura do século 19, nosso recorte temporal. O código de postura era uma espécie de lei orgânica municipal. A primeira fonte que localizamos prevendo situações de sinistros, como as enchentes e incêndios, foi o Código de Postura 1849.
Última parte
Diante da catástrofe natural ocorrida entre os dias 11 e 12 de janeiro de 2011, Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis se irmanaram na dor das perdas humanas e materiais. As três cidades serranas habituadas a ter seus nomes estampados na imprensa como aprazíveis locais de veraneio, se viram numa macabra estatística no qual Nova Friburgo encabeçou a lista fúnebre com o maior número de mortos e de perdas materiais. Autoridades governamentais desses municípios se solidarizaram e igualmente a população dessas regiões.
Maria Elvira Veloso Serafim nasceu em Duas Barras em 4 de maio de 1915. Aos 96 anos de idade, possui 18 netos, 26 bisnetos e 3 tataranetos. Elvirita, como é conhecida, viveu um cotidiano bem diferente de seus bisnetos e passou por diversos períodos de transformações sociais e econômicas em seus quase um século de existência. Seu avô, o português Joaquim Gonçalves Corguinha, veio de Portugal no final do século 19 para Duas Barras e juntamente com o irmão adquiriu uma fazenda na região, dedicando-se à cultura do café. A terra era muito barata naquela época.
Antonio Francisco de Menezes Wanderley foi o maior intelectual do final do século 19 e início do 20 em Nova Friburgo. Natural do Estado da Paraíba do Norte, residiu na capital federal onde trabalhou em diversos jornais. Do Rio de Janeiro veio para Nova Friburgo contratado para dirigir o periódico O Friburguense. Foi então convidado para ser professor do Lyceo Nacional, do Instituto Sul-Brazil e do Externato América. Abriu uma escola noturna gratuita na cidade para alfabetizar aqueles que labutavam durante o dia.