Durante muitos anos, a religião e a sociedade, a educação e todo o sistema de produção condenavam a perda de tempo com a imaginação. Considerava-se que quem imaginava estava sem fazer coisa alguma e, portanto, vivendo o ócio. Por sua vez, o ócio era condenado porque permitia às pessoas pensar naquilo que era proibido. Era uma visão pouco positiva da pessoa humana, pois a imaginava pensando sempre no que era proibido. Assim, a imaginação ficou acorrentada por muito tempo, impedindo que ideias novas surgissem e permitissem as mudanças que os tempos exigiam.
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Hamilton Werneck
Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.
Coisas curiosas nos fazem pensar no ambiente escolar sobre as ações em grupo, sobre o uso da internet e sobre os equipamentos das escolas em relação à modernidade. Uma pequena história poderá ilustrar a relação de uma escola atrasada com os modernos meios de comunicação.
No entendimento do educador colombiano Bernardo Toro sobre a função dos meios de comunicação, ele observa a necessidade do recebimento crítico de todos eles. A televisão, os jornais, a internet e toda a comunicação sem fio ou inalâmbrica de nossos dias precisam ser recebidas criticamente. Não se trata mais de incentivar para que as pessoas desliguem a televisão, ou muito menos condená-la como coisa diabólica.
Quando uma pessoa se propõe a instalar a internet em seu computador, está aceitando, de início, receber muitos dados e até e-mails inconvenientes. O discernimento é tão importante que, por meio dele, decidiremos o que vamos permitir que entre ou não. Seria um absurdo e até uma anticultura não ter o serviço por causa do lixo. Também a sociedade industrial e do conhecimento são acumuladoras de lixo; nem por isso deixamos de nos envolver com a produção e os serviços oferecidos.
Cabe ao profissional do século 21 ser moderno. Mas, na verdade, o que significa isso? O educador colombiano Bernardo Toro nos deixa uma excelente contribuição quando aborda sete pontos considerados mágicos para se atingir uma performance correspondente às competências que este século requer. Parece-nos que, sem essas competências, é difícil dizer que uma pessoa está sendo preparada para a vida.
Críticos há em quantidade suficiente e o que se diz nas análises negativas comprovam que sabemos o que não devemos fazer. Resta saber o que devemos fazer, o quanto antes, para a educação brasileira dar o salto que as avaliações nacionais esperam e os mercados anseiam.
Desde o final da segunda grande guerra, em agosto de 1945, os países desenvolvidos iniciaram um processo de investimentos maciços em educação, embora alguns tenham já alterado o panorama sombrio em tempos anteriores ao conflito de 1914-1918.
Há tempos um fato ocorrido em uma escola do Rio de Janeiro chamou a atenção de educadores e também de muitos pais de alunos. A referida escola enviava os deveres de casa de seus alunos através da internet. Os estudantes que dessem conta de todos os exercícios poderiam ser beneficiados com mais um ponto na média do bimestre. A crise foi iniciada quando a escola descobriu que todas as respostas estavam num site de relacionamento de uma das alunas.
As portas das escolas estão abertas e novos alunos, com valores bastante diferenciados de seus professores e até dos projetos pedagógicos das escolas, sentam-se nas salas de aula. Como conviver com eles? Primeiro é importante compreendê-los. Eles já são adoolescentes do século 21 e, nós, professores do século passado. Há uma necessidade urgente de compreensão.
Quando éramos alunos do ensino fundamental, na década de 60, nossos professores aconselhavam a ler livros, nunca revistas em quadrinhos, cheias de imagens. Nós gostávamos dos quadrinhos e algumas revistas eram bastante interessantes. Nossos professores diziam que as imagens dos quadrinhos não eram palavras e, portanto, não enriqueceriam nosso vocabulário.
A vida humana sempre esteve envolvida em conflitos. Ultimamente eles aumentaram devido à velocidade com que as coisas acontecem. Os imprevistos aumentaram, assim como o estresse das pessoas. É muito difícil que uma pessoa desses tempos de mudança não tenha alguma depressão, algum desejo de suicídio, algum nervosismo ou insegurança. Quem não enfrenta essas coisas não vive o seu tempo.