Características do profissional na sociedade do conhecimento - Códigos de Modernidade – Parte 3

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

No entendimento do educador colombiano Bernardo Toro sobre a função dos meios de comunicação, ele observa a necessidade do recebimento crítico de todos eles. A televisão, os jornais, a internet e toda a comunicação sem fio ou inalâmbrica de nossos dias precisam ser recebidas criticamente. Não se trata mais de incentivar para que as pessoas desliguem a televisão, ou muito menos condená-la como coisa diabólica. Trata-se, sim, de uma questão de educação, que compreende que a televisão e os demais meios de comunicação não são um simples divertimento: são formadores de opinião e também educam.

Ser crítico diante deles é condição para não se deixar manipular. Hoje, alguns pais reclamam que os filhos são educados pela televisão e pelos meios de comunicação, não lhes cabendo mais a orientação deles. Costumo dizer, em reuniões de pais em vários colégios, que, realmente, nada posso fazer, assim como a escola em que ele colocou o filho ou a filha, se, por vontade própria, se a educação foi terceirizada, entregando-a a um canal de televisão.

A solução para esse tipo de questão é o desenvolvimento do espírito crítico. Precisamos ensinar nossas crianças a discutir as informações e recebê-las criticamente. O que não deve ocorrer é o afastamento desses meios, porque ficaremos desligados do mundo, extremamente alienados, e não teremos condição de compreender nosso entorno social. Como consequência, seremos péssimos profissionais, porque estaremos isolados do mundo. Os meios de comunicação são, em grande parte, veículos de divulgação de inúmeros saberes.

Portanto, uma escola ou universidade que deixar de lado a crítica em relação a esses meios também não estará preparando para a vida. As empresas de serviço podem, por sua vez, promover palestras e encontros com especialistas para esse mesmo fim. As informações se acumulam. A quantidade de informações dobra a cada 20 meses. Não há mais condição de determos tudo em nossa memória. Portanto, acessar os meios de informação e de informação acumulada faz parte da vida do profissional deste século.   Importa saber onde encontrar as respostas. Não estamos mais no tempo em que devíamos priorizar a memória, como as escolas faziam antigamente; estamos na era da informática, em que as infovias nos oferecem o que desejamos, bastando, para tanto, dominar a sua língua de comunicação. Daí a importância de se falar mais de um idioma. Torna-se, hoje, um imperativo falar duas línguas estrangeiras. Não adianta mais um “nacionalista” falar mal dos cursos de língua estrangeira.

A internet encarregar-se-á de fazer com que as pessoas aprendam, e isso é mais forte do que qualquer conjunto de cursos de línguas. Isto é essencial para o mercado de trabalho. No século 17, talvez fosse melhor falar o Português e os vários tupis de nossa costa oceânica; hoje a modernidade requer o conhecimento de outras línguas, e mesmo o Português não tem a influência daquela época, se comparado às demais línguas. Quem  sabe localizar dados consegue manter-se com mais segurança nos empregos e no manejo da sociedade do conhecimento. O planejamento, o trabalho e as decisões em grupo, segundo Toro, são estratégias importantes para a democracia. A criança precisa saber trabalhar em grupo. Tanto são errados os trabalhos em “euquipe” quanto as considerações sobre o saber individual que é atrapalhado pelas equipes.

Outro erro básico das escolas e de algumas famílias é impedir os trabalhos em equipe em razão de a família não gostar que seus filhos estudem em outras residências, não desejarem que se desloquem e outros motivos. Tal atitude gera problemas de convivência. Pois bem, para se educar, é necessário um investimento. Para se educar para este século, é necessário atravessar esses pequenos problemas e transtornos, porque, por meio deles, as crianças estarão se preparando para a vida.

Quem não aprende esse processo não aprende a decidir em grupo, está defasado e perdeu sua data de validade. Parabéns, quase 100 anos depois, ao movimento escoteiro, que, a partir de 1907, por causa da visão de seu fundador Baden Powell, incentivou o trabalho em equipe e as decisões em equipe. De tal modo este movimento está adaptado aos códigos de modernidade que só se pode depreender a grande visão educativa de seu fundador.

Continua na próxima semana.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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