Quando fui convidada a dar esta palestra em que vou falar sobre a
crônica para adolescentes, comecei a refletir a respeito desse período tão
instigante, e constatei que cada momento do adolescente é uma crônica. Não
que os outros tempos da vida não sejam tão divinos. Mas a adolescência é a
época das descobertas e mudanças.
Momentos Literários
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
Fui na bienal do livro do Rio de Janeiro com uma amiga de tantos anos
com quem tenho especial afinidade literária. Não calçamos o mesmo número
de sapatos, nem usamos o batom da mesma cor. Apesar destas terríveis
diferenças, conversamos o tempo todo. A individualidade nos faz ser
genuinamente nós. Além do que, ela e eu temos algo a mais do que carne e
ossos; gostamos de ler o mundo.
Há outro detalhe bem significante, não somos somente duas; somos
quatro amigas e trocamos literatura como ninguém. Aliás, os livros e as
Quando lemos um romance, uma poesia ou mesmo uma pesquisa
histórica vamos além do que está literalmente escrito. O texto invade nossas
percepções, lembranças e o conhecimento que adquirimos ao longo da vida.
Fazemos ilimitadas cadeias de associação de ideias, o que nos permite tirar
conclusões e construir novos conceitos. Ou mesmo confirmar os que já
possuímos. A leitura que nos possibilita esse movimento de pensamento
possui valor inestimável. É transformadora e inquietante.
Estive no evento que apresentou o Projeto de 2oo Anos de Nova Friburgo.
Naquele café da manhã, a cidade foi abraçada com afeto pelos friburguenses, o que
fez com que a animação tomasse conta de mim ao ver a história, a cultura e a
literatura sendo consideras com relevância nos festejos.
Nas minhas colunas, de diversas formas, tenho evidenciado a importância da
tríade história-cultura- literatura, enquanto embasamento para o crescimento da nossa
cidade que é essencialmente inspiradora e artística.
Vou trazer, esta semana, um assunto que ainda não tinha abordado, os
direitos autorais; tema delicado que pode ser analisado a partir de diferentes
pontos de vista. O primeiro é decorrente de um princípio fundamental: todos
têm direito ao próprio corpo. O autor, portanto tem direito à totalidade da obra.
Ou seja, há um caráter único entre o autor e a obra.
A obra literária revela a essência do autor através das palavras que
emprega e do modo como o faz, podendo ser, inclusive considerada como uma
Falar de verossimilhança, palavra difícil de escrever e até de pronunciar,
nos exige tempo para compreender o significado que até nos induz a percorrer
a arte de escrever através dos séculos. A começar pelo fato de que as artes,
como o cinema e o teatro, não podem existir se não há um texto literário de
suporte.
A literatura não joga ideias ao léu, emprega a língua na plenitude de seus
sentidos; portanto, requer critérios. Ah, os ideais da liberdade não caem por
terra. Por ser a expressão do imaginário do escritor, não vaga sem rumo nos
Na simplicidade e quase na calada dos dias, um grupo de doze escritores e uma
prefaciadora, todos de alguma forma ligados à nossa cidade, fizeram a coletânea de
contos e crônicas, NOVA FRIBURGO, CONTOS, CRÔNICAS E DECLARAÇÕES DE AMOR,
tendo a finalidade de fazer uma reverência a esta terra querida, da qual tive a honra
de fazer parte.
Quando tive o livro em mãos, que ocorreu depois do primeiro lançamento, li sem
parar suas páginas no aconchego do meu sofá, seguindo um capítulo a outro,
Onde estão os meus sésamos?! Acredito que esta seja a questão que nós
escritores exclamamos antes de começar a escrever. Que seja um conto, uma
crônica, um romance. Um ensaio. Começar é sempre desafiador. É como
convidar alguém a sentar numa poltrona flutuante através de frases
verdadeiramente incomuns.
O escritor e acadêmico George dos Santos Pacheco nos motivou a refletir
sobre as palavras iniciais de um texto, ou seja, o incipit. Sim, senhor, como
dizia Alice, o início é o momento mais delicado ou angustiante de um trabalho
literário.
Às vezes, acontecem coisas que nos fazem pensar que a vida é uma
caixa de surpresas. Pois bem. Hoje, dia 27 de julho, darei uma palestra na
Biblioteca Municipal sobre o fazer do livro, durante a qual abordarei a
construção do Ajelasmicrim; com este texto ganhei o prêmio Off Flip de
Literatura em 2014. Dois dias antes, ao escrever o release da palestra, o
Facebook me exclamou que há exatamente 3 anos eu comemorava a
premiação na categoria infantojuvenil.
Naquele dia, tive uma das maiores emoções. A princípio, não acreditei
Ele não é covarde. É apenas um de nós. Não tem malas prontas, o que é uma
situação banal para a Pessoa do Fernando. Se percorresse ruas com pés descalços, é
possível que ache uma ideia interessante. Um tímido mote, talvez. Quem sabe uma
musa de seios fartos possa lhe inspirar. Ou um velho de barbas e com ele possa
conversar. Pode até ser que a batida do rap lhe cause um encanto invulgar. Ora, sem
sapatos, não precisará de piedades. Poderá ser um tanto quanto razoável caso venha a