As palavras também têm seu lado exponencial
Escrevivendo
Robério Canto
Escrevivendo
No estilo “caminhando contra o vento”, o professor Robério Canto vai “vivendo e Escrevivendo” causos cotidianos, com uma generosa pitada de bom humor. Membro da Academia Friburguense de Letras, imortal desde criancinha.
Ia responder “muito bondosa”, mas, traído pelo subconsciente, suspirou “muito gostosa”
E ainda tem gente que acha bonito ser esnobe!
A origem mais provável da palavra forró, segundo os pesquisadores mais cuidadosos, é forbodó, do francês faux bourdon, isso é, canto monótono. Daí, forrobodó e, depois, forró. Mas o povinho, que além de inventar palavras inventa explicações para elas, cismou que o pai dessa criança é o inglês for all.
“Pode alguma coisa que preste vir de Nazaré?”, perguntou Natanael ao ouvir de Felipe que daquela cidade saíra o Messias que há milênios os profetas anunciavam. Natanael terá sido o primeiro cético, mas muitos continuaram a duvidar, pelos tempos afora. Tomé, apesar de ter convivido com Jesus e ouvido diretamente dele a pregação da Boa Nova, ousou exigir provas. E isso depois de os fariseus terem sido avisados: “Em verdade vos digo, a esta geração não será dado um sinal”.
Num dia desses, quem tem vontade de sair para viver?
O dia despertou chuvoso e frio. É feia, úmida e cinza a manhã que se vê do outro lado da janela embaçada. Não sei o que vocês pensam da chuva. Não da exagerada, de temporal e enchentes, que dessa ninguém gosta mesmo. Mas da chuvinha fina e persistente, que às vezes dura uma semana ou mais, encharca os sapatos, alaga o coração de uma melancolia boba e prolongada como a própria chuva.
Sim, frases enganosas ou enganadas vêm de longe e estão presentes em todos os idiomas
Como até os cabeludos estão carecas de saber, “pois sim” é uma negativa. “Você não quer subir pra conhecer minha coleção de vinil?” “Pois sim, minha amiga já me contou o que aconteceu com ela depois do último disco!” (Dessa vez não “colou”: a moça não vai entrar nessa fria - ou nessa quente, dependendo do ponto de vista).
... pelo menos a multa ainda me encontrou vivo!
Acabo de receber uma multa de trânsito, fato não de todo inédito em minha carreira de motorista. Não que eu seja apressado ou imprudente, mas, sendo de fato um tanto distraído, mais de uma vez deixei meu carro sossegadinho embaixo de placas com aquele famoso E com um risco transversal por cima. Enfim, tenho contribuído com alguma regularidade para o bom faturamento dos detrans e autrans, urbi et orbi, como diria o papa.
Até hoje esse lance é o orgulho da minha família!
— Um craque! De Seleção! Pode perguntar. De Seleção!
Vendo-o assim, meio barrigudo e cambaio, não parece. Mas eu não vim ao mundo para contradizer ninguém, e balanço a cabeça em sinal de santa concordância.
— De Seleção! Pode perguntar. Se não fosse aquela chuteira...