Palavreando

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

11/01/2020

Eu conheço mais pessoas boas do que más. O que me leva à conclusão de que no mundo há mais pessoas do bem do que do mal. Que bom! As más talvez tenham mais destaque, mas estamos rodeados mais de pessoas boas do que ruins.

Quando falo de pessoas do bem, não estou desenhando nenhum super-herói. Não! São pessoas comuns, simples, que fazem o que tem que ser feito. Também não estou falando de pessoas perfeitas. Essas não existem nem nos contos, nem nos filmes, nem nos poemas de papel de pão.

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14/12/2019

É nos dias de chuva e frio que acordo mais cedo e fico ali na cama ouvindo a chuva lá fora. Me pego às vezes pensando na ironia que é o destino de cada pingo de chuva e toda a sua magnífica trajetória. Fico na cama por horas... Não protelando o sono ou a natural preguiça, mas observando a vida que se transforma lá fora. 

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07/12/2019

O brinde é um dos mais sublimes gestos do compartilhar a vida. Brindamos com quem temos afeição. Ninguém brinda com o inimigo. Brindamos para celebrar encontros, vitórias e até despedidas. Brindamos o que vivemos e brindamos ao que está por vir. O brinde tem a energia das boas explosões. Gera bons sentimentos sempre. Brinde é fé na vida e confiança nas pessoas.

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30/11/2019

Tem dias que a gente quer enfiar a cabeça no buraco e ficar lá no escuro do mundo, vendo o que há debaixo da terra para não perceber o que há por cima. Tem horas que a gente quer gritar e berrar muito alto para ver se tem alguém aí nesse universo todo que possa te ouvir. Ouvir apenas o grito, sem perguntar nada. Não me pergunte, porque eu não quero falar... Eu só quero gritar!

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23/11/2019

As pessoas têm a estranha mania de achar que podem mudar tudo ao final de um ano. Ano novo... Vida nova... Novos tempos. Por que se fazer tal mudança somente após um ano?

Um ano é o conjunto absurdo de doze meses. Cada mês é uma oportunidade, tanto quanto é o semestre, trimestre, qualquer conjunto de meses agrupados ou mesmo semanas, dias, horas... Imagina se tivéssemos a mania de, ao invés de celebrar feliz ano novo a cada doze meses, celebrássemos apenas feliz década após 10 anos? Não se trata de contagem do tempo. Mas de esperança.

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15/11/2019

Quando cai a tarde e começa a anoitecer na minha cidade penso em quanto sou grato por ser friburguense. Meu sangue, meu espírito, minhas vivências, meu coração – todos friburguenses. De nascimento, por ancestralidade. De tal modo que meu coração friburguense comprime e exprime sangue friburguense. De tal forma que não funciono tão bem quando o ar que circula nos meus pulmões friburguenses não é ar friburguense. De tal jeito que é a energia que vem das montanhas friburguenses a que melhor renova a minha alma, igualmente friburguense.      

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09/11/2019

Permita-se. Não se limite. Por que “permita-se” ao invés de “não se limite?” São a mesma coisa... Coachs, que estão na moda tanto quanto influenciadores digitais, rechaçariam de cara a palavra “não”. Negue as negativas. Permita-se é direto. É acima de tudo, afirmativo. Firme as afirmações. 

Assim, impede-se o debate interno que todos nós seres humanos temos. Permita-se palpita, visita entre um silêncio e outro. Coloque o permita-se entre os ecos dos seus pensamentos e vá!

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02/11/2019

Às vezes, me faz bem, outras me faz mal. Às vezes, me faz procurar o que perdi, outras me mostra que não há mais como encontrar a não ser nas memórias de tempos bons que não voltam mais.

E ainda que repita tudo da mesma forma, com as mesmas pessoas, a saudade arrebatará meu coração para me comprovar que nada do que foi será... Exatamente como diz a música. É. “A vida vem em ondas como um mar, num indo e vindo infinito”. Cada instante se constrói de uma maneira e o mundo tem sua própria forma de diferenciar e nos fazer distinguir cada tempo.

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30/10/2019

Se tudo que fizesse da vida eu escrevesse num diário, não conseguiria, pela minha indisciplina. Pela natural falta de criatividade também. O que não é uma exclusividade minha, afinal, é coletiva essa incapacidade de criar todos os dias, que mereçam ser lidos. Somos colecionadores de mesmices, ainda que seja consenso que figurinha repetida não complete álbum.

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30/10/2019

Olhou a hora. Tornou a ver a hora de novo ainda que o minuto anterior sequer tivesse virado o seguinte. De tanto olhar a hora, viu o tempo passar, mas não a vida, que por sua vez, não ficou ali estática à espera de ser percebida. Seguiu, mesmo que ele não seguisse. A música acabou.

- O que você faz?

- Não faço nada.

- Nada, seu moço?

- Nada!

- A música acabou, seu moço.

- O que o moço faz?

- Nada. Sou apenas moço e moço não sabe de nada!

- É! A música acabou, mulher. O que a muié faz?

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