Mais um jogo do Brasil na Copa do Mundo. Na última quarta-feira, 27, contra a Sérvia, nossos corações vieram à boca como de costume. Trauma é coisa séria. Não é qualquer Copa que apaga um trauma de uma sova de 7 a 1.
Bia Wilcox
Bia WIlcox
Bia Wilcox
Bia Willcox sempre escreveu.Professora e advogada por formação, sua grande paixão é conteúdo, texto, assuntos diversos pra trocar e enriquecer.assina a coluna Amores Cariocas na Rádio Bandnews e um blog sobre cultura e entretenimento no Portal R7
Na última semana mais um episódio de nude nas redes brasileiras, mas dessa vez não foi vazamento não. Foi foto postada pela própria modelo em sua conta no Instagram. E foi um nu rebelde, questionador, não sei se provocante mas provocativo. Um nu num banheiro público sobre um vaso sanitário. Não aplaudo nem critico: aceito como parte do cenário em parte previsto por Huxley e Orwell em suas obras primas e descrito recentemente pelo filósofo Bauman, quando falava de Facebook e privacidade.
Esta semana é de festa, fogos, memórias e muitas emoções em Nova Friburgo.
Não está sendo diferente para mim aqui do Rio de Janeiro. Os fogos pipocarão aí no ritmo do meu coração em saltos e das lágrimas de nostalgia que pulam cada vez que eu escrevo para esse jornal sobre a cidade.
Vivi anos dourados em Friburgo. Adolesci aí. Namorei, descobri, redescobri, me enganei, me desiludi, me apaixonei, tomei porre, experimentei, me fantasiei, escondi, contei, ri muito e chorei. Vivi, como muitos, uma adolescência e juventude incríveis nesta cidade.
Eu tenho certamente mais de 200 velas para soprar em seu aniversário. Cada uma de uma memória, de uma fase, de uma experiência, de um amor. Que os leitores me perdoem fazer desse espaço um diário de lembranças afetivas, mas não poderia ser diferente. É Nova Friburgo, gente!
O quanto você precisa conviver com uma pessoa para ser íntima dela? Quantos almoços, quantos chopps, quantos dias de trabalho, quantos segredos e confidências, quantas viagens juntos para ficarmos completamente à vontade com o outro?
O que é intimidade? É quando você não precisa regular nem o que fala nem como age. Você se sente à vontade para ser do jeito que sempre foi, sem qualquer cena ou disfarce. É quase que você falando com o espelho. Hoje temos um tipo de intimidade que nem todo mundo se dá conta: a intimidade na telinha dos celulares. Ou melhor, a intimidade digital.
Eu posso pensar em qualquer assunto, posso buscar notícia boa, posso querer contar piada até, mas não adianta: Eu só consigo pensar no maior clichê do planeta: o amor. Os tempos líquidos e digitais nos prestaram um desserviço entre meio a tantas novidades e facilidades: o desnudamento do ódio. Não há mais disfarce ou fantasia, o ódio agora é nu, amplo e irrestrito. Nas redes sociais virtuais e presenciais, ou seja, tanto nos aplicativos quanto nas ruas.
Na era digital em que vivemos, a confiança é uma premissa fundamental para a interação entre os indivíduos, entre indivíduos e organizações e entre organizações também. Em dias como os de hoje, por exemplo, a confiança do consumidor é fundamental e a construção da credibilidade de um serviço ou marca, por exemplo, não está mais unicamente na mão da empresa e sim na mão das pessoas que avaliam, dão nota e estrelas para os produtos.
Passei um bom tempo de minha vida acreditando que não precisávamos ter um lado ou, mais difícil ainda, que devíamos lutar para não ter um lado, lutar pela imparcialidade e isenção, como se pessoas imparciais e isentas valessem mais no mercado.
Acreditei que não seria possível escolher um lado a cada embate de opiniões contrárias. Entendia que não se meter era mais do que só ser conveniente e discreto: era realmente não tomar partido de ninguém.
Muito se fala hoje sobre preconceito de idade, a velha discriminação contra idosos. Em inglês, trata-se de ageism, palavra em voga hoje. Na verdade este preconceito, como tantos outros, sempre existiu, curiosamente contra a única condição que é absolutamente igual para todos os habitantes do planeta: ficar velho. A opção que temos para não envelhecermos não é nada boa... E se perguntarmos se alguém quer morrer jovem, ninguém quer.
Não é sempre que eu sonho. Mas na noite passada sonhei que era um alienígena que pisava no Rio de Janeiro no meio do carnaval. Meu poder de me colocar no lugar do outro foi tão grande (talvez façamos isso melhor dormindo) que conseguia ver a cidade como algo completamente novo pra mim. Me vesti completamente de ET e, pelas lentes dele, me deslumbrei com cores e corpos tão vivos.