Você já se sentiu ovelha negra? Já se sentiu diferente de todo mundo? Já teve a sensação de que não pertence plenamente a lugar ou grupo nenhum? Já se sentiu o esquisitão? Aquele eterno inadequado? Se sim, mesmo que às vezes somente, bem vindo ao clube. Acredito que todo mundo, uns mais e outros menos, já se sentiram peixe fora d'água temporária ou permanentemente.
Bia Wilcox
Bia WIlcox
Bia Wilcox
Bia Willcox sempre escreveu.Professora e advogada por formação, sua grande paixão é conteúdo, texto, assuntos diversos pra trocar e enriquecer.assina a coluna Amores Cariocas na Rádio Bandnews e um blog sobre cultura e entretenimento no Portal R7
Aviso aos navegantes: vou opinar. Quero opinar sobre ter que opinar sobre tudo que vemos pela frente.
Vocês já repararam como o excesso de informação na internet, especialmente nas redes sociais, faz a gente se sentir obrigado a dar opinião sobre as mais diversas coisas?
Basta que algo aconteça para que venha uma onda de opiniões para todos os lados como moléculas em movimento cego, em todos os perfis e redes sociais.
Você posta a sua felicidade? Transmite ao vivo todas as suas alegrias em seus perfis? Coloca efeitos incriveis nos registros instantâneos de sua vida? Em suma, você exibe uma vida ultra mega feliz?
Vocês bem sabem que eu estou falando do mundo encantado das redes sociais onde, ou todo mundo é esquizofrenicamente feliz 24 horas ou, no extremo oposto, o lado obscuro e triste da vida é compartilhado como numa exibição de circo, num aquário ou numa grande vitrine de loja.
E chegou o fim do ano com aquela sensação recorrente de que temos que estar com a família, retomar relações, fazer as pazes, confraternizar, montar a árvore, comer rabanadas e até engordar. Decidir abrir mão desses costumes sentimentais é muito difícil. Há quem tente e fica sendo importunado volta e meia por aquela culpa no cantinho da cabeça e do coração. Há quem consiga se livrar de amarras natalinas e não dar a mínima para as pressões afetivas e subjetivas da data - costumo chamá-los de anti-heróis da resistência.
A gentileza tem dia mundial e foi na semana que passou. Nesse dia eu deveria ter ouvido fogos como os de Copacabana em dia de Ano Novo ou como dia de final de Copa do Mundo. Eu deveria ter participado de brindes e confraternizações. Porque se trata de celebrar a gentileza - coisa rara em dias de fratura exposta nas redes sociais.
Ao ler as próximas linhas e parágrafos vocês talvez possam sentir, por empatia, um pouco do que senti ao chegar em Nova Friburgo para participar da Flinf há pouco mais de uma semana.