Os 200 anos de Nova Friburgo - Parte 2

terça-feira, 15 de maio de 2018

Esta semana é de festa, fogos, memórias e muitas emoções em Nova Friburgo.

Não está sendo diferente para mim aqui do Rio de Janeiro. Os fogos pipocarão aí no ritmo do meu coração em saltos e das lágrimas de nostalgia que pulam cada vez que eu escrevo para esse jornal sobre a cidade.

Vivi anos dourados em Friburgo. Adolesci aí. Namorei, descobri, redescobri, me enganei, me desiludi, me apaixonei, tomei porre, experimentei, me fantasiei, escondi, contei, ri muito e chorei. Vivi, como muitos, uma adolescência e juventude incríveis nesta cidade.

Lembrar da boate do Country Clube, a Studio 82, da Cantina Camping e seus bolinhos de aipim, da Som Boite, antro de hormônios e trilha sonora Ploc (rs), e sobretudo, lembrar do legendário Country Clube, palco de memoráveis festivais do Vinho e do Chopp e também de um animado e concorrido carnaval, é beber a água da juventude.

Chegava a hora de tudo acontecer e foi tudo ao mesmo tempo: primeiro namorado, primeiro baile à noite, primeira bebida alcólica (sim, antes dos 18, num tempo políticamente incorreto, mas divertidíssimo!). Não precisávamos de internet, redes sociais ou mesmo celular. Era orelhão, confabulação, telefone sem fio e, quando víamos, nós meninas sabíamos quem ia aonde e quando. Nem sempre acertávamos, havia decepção sim, mas nossa margem de acerto era alta (meu Deus, como sem Whatsapp?).

O melhor de se guardar desse tempo de férias, feriados e fins de semana na cidade não é a festa em si ou o namoro conquistado a duras penas, é um valor de colossal importância no futuro que vinha logo depois: as amizades para sempre.

A troca, as confidências, a cumplicidade, as afinidades, a parceria, ajudaram a moldar o caráter de todos ali naquele condomínio de chalés que tanto frequentei.

Nossa vida era pegar um bronzeado na piscina, se produzir para sair à noite enquanto os meninos iam para os bares da cidade fazer o “esquenta”. Me lembro de nomes como Pureza, Nelinho e Jader, paquerar, dançar, rir, estreitar laços, desenvolver as habilidades socioemocionais, tão em moda hoje, e planejar o dia seguinte. Jogávamos de tudo na quadra, na calçada, na piscina. Levávamos amigos para turma do condomínio (e em pouco tempo eles já eram membros legítimos de nosso clube)  e íamos sendo felizes sem sustos, falta de segurança, medo de assalto ou aquele nervoso do século 21 de ter que dizer aos pais o tempo todo aonde se está pelo whatsapp.

A felicidade aconteceu em Nova Friburgo enquanto amadurecíamos e nos preparávamos para a próxima fase onde não perceberíamos a magia que essa teve e ainda tem. Façamos a festa por aqui: a festa de aniversário da cidade e a festa do tempo, bendito vilão que não usa freio de mão. Aproveitemos a explosão de fogos e de memórias para compartilhar com os amigos da época e viver a felicidade vintage que faz tão bem.

Aliás, não posso assumir todas as lembranças sozinha. Uma querida amiga que fiz na cidade, a Liana, e que até hoje compartilhamos valores de vida e de caráter essenciais (mesmo não tendo a mesma opinião em tudo, graças a Deus), me ajudou a lembrar. Junto com ela, meu irmão Daniel e alguns amigos. Foi uma catarse lembrada a algumas mãos. Mãos essas que mantém a ligação de profunda amizade e parceria construído sob o céu estrelado de Nova Friburgo.

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Bia WIlcox

Bia Wilcox

Bia Willcox sempre escreveu.Professora e advogada por formação, sua grande paixão é conteúdo, texto, assuntos diversos pra trocar e enriquecer.assina a coluna Amores Cariocas na Rádio Bandnews e um blog sobre cultura e entretenimento no Portal R7

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