Recado de Jorginho Abicalil

Jorginho Abicalil

Jorginho Abicalil

Recado de Jorginho Abicalil

Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.

23/05/2015

A Euterpe e a Campesina selaram um acordo. Realizar juntas um concerto na praça, em frente à matriz. A Campesina saiu de sua sede executando o Cisne Branco, e os comerciantes vinham até a porta para aplaudir. A Euterpe, por sua vez, solava a marcha do Expedicionário e arrepiava o povo que estava na praça aguardando o acontecimento. Cumprimentaram-se os maestros Joaquim, da Campesina, e Madureira, da Euterpe. Um grande palco foi armado para a grande e inusitada festa, que prometia ser histórica.

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16/05/2015

Bom dia, boa tarde, boa noite, como vai, bom te ver, até mais ver, alô… Um desses comprimentos, certamente, você usa no seu dia a dia. E não há nada melhor do que você se acostumar desde criança a ter esses hábitos. É tão bom lidar com pessoas educadas, é tão bonito de se ver. 

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09/05/2015

Maio, noite de frio em Friburgo. A cidade dorme, nenhuma pessoa na praça. No silêncio da madrugada, somente um sonhador vive seus momentos nostálgicos, curtindo a cidade em toda sua plenitude. Quer tudo de Friburgo. De dia a propaganda, seus clientes e seus produtos. À noite, já cansado, anda por aí, fazendo um retrospecto do que passou. Adiantou viver mais um dia criativo? Mexeu com suas emoções e lhe pôs pra frente? A cidade emociona com seu clima, com as amizades e a vida pelos clubes sociais.

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03/05/2015

O glamour das croniquetas mudam, como mudam as flores da primavera. Como muda a pena do Pongeti, abençoando o Dedo de Deus, para aqueles que tiveram a sorte de ler a manchete por suas páginas coloridas. Como muda a Remington do gordo Maria, alcoolizado cantando Amália Rodrigues: “Sabe-se lá, o amor o que virá!”, andando trôpego pelas ladeiras de Lisboa, como se em Recife estivesse. Como muda o texto esportivo do Jacinto de Thormes, narrando um gol de Ademir, o “queixada”, arrancando do meio-campo até golear na marca do penalty.

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24/04/2015

Venham todos pra mesa, hoje é um dia muito especial. Tem merche, baba ganoush, zátar e arak pra comemorar, mas só um golinho, senão pega de jeito. Felipe, vem pra cá, senta na cabeceira da mesa. Michuí com pão boina, salada tabule e uma rodada de quibe cru acompanhado de cebola, hortelã e carne moída quentinha. E assim a noite foi rolando, em clima de festa. Antônio pede a palavra. Meus amigos, hoje estamos comemorando o nome do estádio Alice Decache. Talvez seja o único estádio de futebol no mundo com nome de mulher, talvez o único a merecer. Alice pede a palavra.

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19/04/2015

Era uma figurinha carimbada o nosso bom Tanusse. Ótimo fotógrafo, tinha sempre um olhar original sobre o mundo, com rigor no enquadramento e na luz. Além desse métier, era goleiro do Friburgo com uma característica muito especial: quando acabava o jogo o seu uniforme estava super limpo, igual a como começou. Os cabelos modelados com gomex ficavam impecavelmente fixados e repartidos. Mas o que eu mais gostava mesmo no bom Tanusse era nossa sintonia musical. Curtíamos música e trocávamos figurinhas de responsa.

Dizia pra ele: 

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10/04/2015

Hoje vou passar a palavra para a minha correspondente em Friburgo, Nair Abicalil. Nair é minha irmã, sabe tudo da cidade e tem uma memória privilegiada. A velha guarda da Pensão Amaro vai se deliciar com sua narrativa.

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04/04/2015

Nandinho é como eu chamava o Geraldo Namen, para papos estranhos que ninguém entendia, nem nós. Era no Escondidinho, quando a tarde caía. Ele dava início. 

— Gio, o gol do Larry no domingo...

— O comandante foi o Bin.

— Para, para! Cante aí o Antonico.

— "Oh! Antonico, eu vou te pedir um favor que só depende da sua boa vontade…” — e eu ia até o final…

— Diga aí os melhores goleiros de Friburgo.

E eu na lata: 

— Borracha, Cabrita, Gildo…

— Para, para… Leva aí uma do Mário Reis.

E eu sem titubear:

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28/03/2015

O Doutor Amâncio não gostava de perder. Nem no futebol e nem na política. Não levava desaforo pra casa. Se o back entrasse duro numa dividida, na próxima ia ter forra. E assim também era na política. A primeira ofensa nunca era sua, mas a resposta vinha sempre à altura. O seu pequeno consultório vivia lotado de gente, e ele calmamente atendia a todos, não importando se o pagamento era "cash” ou se lhe agradeciam com um abraço e até logo. Tinha uma variedade de amostras grátis que eram distribuídas carinhosamente aos mais necessitados.

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21/03/2015

Tem trechos da cidade que ficam guardados nos escaninhos mais recônditos da alma. É como "se essa rua fosse minha”. Morávamos em frente à estação, ao lado da Rua dos Arcos, com parede contígua ao Armazém De Luca. Este, uma figuraça, vivia sorrindo com um único objetivo na vida: fazer de cada conhecido um vascaíno roxo.

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