Joaquim Faria

sábado, 09 de maio de 2015

Maio, noite de frio em Friburgo. A cidade dorme, nenhuma pessoa na praça. No silêncio da madrugada, somente um sonhador vive seus momentos nostálgicos, curtindo a cidade em toda sua plenitude. Quer tudo de Friburgo. De dia a propaganda, seus clientes e seus produtos. À noite, já cansado, anda por aí, fazendo um retrospecto do que passou. Adiantou viver mais um dia criativo? Mexeu com suas emoções e lhe pôs pra frente? A cidade emociona com seu clima, com as amizades e a vida pelos clubes sociais. A madrugada confidencia uma vida de sonhos e de realizações profissionais, aquela sensação de fazer algo importante e se orgulhar muito disso. De crescer com isso. Ouço o som que vem dialogando com o vento palavras de amor. Este som vem de um saxofone e se aproxima de mim. Esta imagem permanece viva na minha mente. É o Joaquinzinho Faria solando a Ave Maria no seu instrumento, uma missa solitária e comovente. Que mistério estará escondido no coração desse artista? O som caminha com o vento e a Ave Maria vai sumindo na madrugada. Caminho com a melodia. Não ouso interromper. Ele faz o sinal sagrado, reza baixinho e tira do bolso um lenço branco para enxugar as lágrimas. O caminho sacrossanto é a Alberto Braune, estrada sentimental livre para suas emoções. No final da rua o som some e o vento aumenta em represália. O moço solitário continua ali, sentado no banco da praça, segurando suas lágrimas. Nada mais é que um grande sonhador. Se me fosse dado o direito de fazer um pedido agora, queria estar com Joaquinzinho do meu lado, solando sua Ave Maria. É a única maneira de ficar de bem com Deus e agradecer o momento de ter nascido numa madrugada desta cidade cristã. 

P.S. Um bom papo é um dos grandes prazeres da vida. Nos fins de semana eu pegava o Pipi, filho do Jovenal Marques, e passeávamos de carro pelos morros de Friburgo. Ele tem um senso de humor muito apurado. Um abraço.

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Jorginho Abicalil

Jorginho Abicalil

Recado de Jorginho Abicalil

Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.

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