Jingles, spots e globais

sábado, 16 de maio de 2015

Bom dia, boa tarde, boa noite, como vai, bom te ver, até mais ver, alô… Um desses comprimentos, certamente, você usa no seu dia a dia. E não há nada melhor do que você se acostumar desde criança a ter esses hábitos. É tão bom lidar com pessoas educadas, é tão bonito de se ver. 

Isto me ocorreu quando eu tinha gravadora e escalava os globais para trabalhar. O Toni Ramos foi chamado para um spot de rádio. Só voz off. Chegou, cumprimentou a todos, deu um alô especial para o técnico e ainda brincou: “Capricha na voz aí, hein!”. Dei o texto pra ele dar uma olhada e pronto, já estava na hora de gravar. “Estou pronto”, disse ele. E de primeira gravou o texto, sem erro. Eu disse: “Ok, Toni, muito bom. Quer ouvir?” E ele: “Não quero ouvir não. A minha parte eu já fiz, agora é com você. Não tenho costume de ouvir o que gravo. É assim também nas novelas”. É um costume que os atores e atrizes têm, não gostam de ouvir o que foi gravado, pois acham que poderiam ter feito diferente, o censo crítico é apurado demais. Eles fazem a parte deles e cabe ao diretor julgar. O Toni é uma figura emblemática. Decora o texto, chega na hora, se dá bem com os colegas, não fala mal de ninguém e ainda vive bem com a mulher. É um estranho no ninho, naquela fogueira das vaidades, onde ninguém livra a cara de ninguém. Ele, que é quase um dos fundadores da Globo, se destaca pelo seu comportamento. Faz uma novela e descansa a outra. Nesse meio tempo, faz filmes, teatro e publicidade.

Quando a gravação terminou, ele me agradeceu e disse estar às ordens para outras. Dei o checão e passei o áudio para o cliente por telefone. Ele adorou e eu ali marquei pontinhos na minha profissão.

Assim aconteceu também com o Lima Duarte, gravou e não quis ouvir. Passei a ter isso como regra gravando com celebridades e ainda agilizava meu processo de trabalho. Já o Cid Moreira não gostava disso. Após a gravação queria ouvir, e geralmente pedia pra fazer outra. Queria fazer melhor. E assim eu ia levando. Mais tarde com uma crise de ciúmes dos funcionários tive que desativar a firma com prejuízo total. No saldo disso tudo, fui o recordista de jingles políticos no Brasil, numa profissão que durou quarenta anos.

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Jorginho Abicalil

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Recado de Jorginho Abicalil

Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.

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