Colunas
Jingles, spots e globais
Bom dia, boa tarde, boa noite, como vai, bom te ver, até mais ver, alô… Um desses comprimentos, certamente, você usa no seu dia a dia. E não há nada melhor do que você se acostumar desde criança a ter esses hábitos. É tão bom lidar com pessoas educadas, é tão bonito de se ver.
Isto me ocorreu quando eu tinha gravadora e escalava os globais para trabalhar. O Toni Ramos foi chamado para um spot de rádio. Só voz off. Chegou, cumprimentou a todos, deu um alô especial para o técnico e ainda brincou: “Capricha na voz aí, hein!”. Dei o texto pra ele dar uma olhada e pronto, já estava na hora de gravar. “Estou pronto”, disse ele. E de primeira gravou o texto, sem erro. Eu disse: “Ok, Toni, muito bom. Quer ouvir?” E ele: “Não quero ouvir não. A minha parte eu já fiz, agora é com você. Não tenho costume de ouvir o que gravo. É assim também nas novelas”. É um costume que os atores e atrizes têm, não gostam de ouvir o que foi gravado, pois acham que poderiam ter feito diferente, o censo crítico é apurado demais. Eles fazem a parte deles e cabe ao diretor julgar. O Toni é uma figura emblemática. Decora o texto, chega na hora, se dá bem com os colegas, não fala mal de ninguém e ainda vive bem com a mulher. É um estranho no ninho, naquela fogueira das vaidades, onde ninguém livra a cara de ninguém. Ele, que é quase um dos fundadores da Globo, se destaca pelo seu comportamento. Faz uma novela e descansa a outra. Nesse meio tempo, faz filmes, teatro e publicidade.
Quando a gravação terminou, ele me agradeceu e disse estar às ordens para outras. Dei o checão e passei o áudio para o cliente por telefone. Ele adorou e eu ali marquei pontinhos na minha profissão.
Assim aconteceu também com o Lima Duarte, gravou e não quis ouvir. Passei a ter isso como regra gravando com celebridades e ainda agilizava meu processo de trabalho. Já o Cid Moreira não gostava disso. Após a gravação queria ouvir, e geralmente pedia pra fazer outra. Queria fazer melhor. E assim eu ia levando. Mais tarde com uma crise de ciúmes dos funcionários tive que desativar a firma com prejuízo total. No saldo disso tudo, fui o recordista de jingles políticos no Brasil, numa profissão que durou quarenta anos.

Jorginho Abicalil
Recado de Jorginho Abicalil
Como era Friburgo antigamente? O que o tempo fez mudar? O que não mudou em nada? Essas e outras questões são abordadas, aos fins de semana, na coluna “Recado de Jorginho Abicalil”, onde o cronista relata a Nova Friburgo de outros carnavais.
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