Di-versos

10/07/2015

Ele acordava cedo todos os dias. Às oito da manhã se punha de pé, entrava no chuveiro e começava a cantar. Seu repertório era vasto, cantava de Mozart a Tim Maia eloquentemente. Mas sua música preferida era Luiza, de Tom Jobim. Essa era a mais frequente em suas cantorias matinais. “Eu sei que embaixo dessa nave mora um coração”. Eu acordava com o seu canto e corrigia a letra mentalmente. Nave espacial era o seu chuveiro. 

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05/07/2015

Cabelo de árvore.
Trança 
Amazona
Que subo
Pra ver:
O que

Teu olho
Vê.

Braços de galho,
Ramos
Esparsos
De flores 
Brotando,
Ouro
De lágrima:
Beija-flor.

Pernas de caule,
Raízes
Que arrancas,
Perdizes
Cantando,
Asas
Batendo:
Coração.

Nota: Este poema é dedicado a minha avó Liana Maria Rosado Morize Rosenburg, que hoje completa 76 anos de idade. 

 

 

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28/06/2015

Baba Yaga é o arquétipo da megera indomada, a imagem da bruxa criada pelas religiões monoteístas e pelos filmes da Disney, a velha com a verruga na ponta do nariz e risada maléfica, que é cruel e come criancinhas. Ela mata aquilo que deve morrer, é a Mãe Selvagem da vida-morte-vida. Compreende os ciclos da natureza, que tudo o que floresce também desfalece, murcha, vira adubo para a próxima vida.

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21/06/2015

Esta semana saiu a notícia sobre a liberação do acesso à carta proibida de Mário de Andrade a Manuel Bandeira, que se encontra no acervo da Casa de Rui Barbosa. O sigilo se daria por seu conteúdo íntimo, que abordaria a sexualidade de Mário. 

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14/06/2015

Ouve
com os olhos.
Sei que os olhos têm
uma audição própria.
Espero que o som seja
o mesmo
ou se assemelhe
ao roçar da língua
no ouvido...

Veja,
é só uma questão
de ouvir de dentro.
Preste atenção
ao que te digo
e não ao som
do que digo

Eu contarei o segredo:
S E G R E D O

Quero contar
como contar
o segredo
e, assim,
desfazê-lo.
(que segredo
que se conta
deixa de sê-lo).

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07/06/2015

A editora oito e meio  – que irá publicar meu livro em outubro deste ano – tem como objeto a literatura brasileira contemporânea, investindo em novos autores e linguagens, além de publicar os formatos geralmente renegados pelo mercado (poesia, conto, crônica).

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31/05/2015

Para introduzir a poesia nesse espaço, começo por versos que contam uma história: por uma narrativa de viagem que é, ao meu ver, uma obra-prima contemporânea.

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24/05/2015

Tatiana Salem Levy é uma das mais influentes vozes da literatura brasileira contemporânea, incluída na lista de melhores jovens escritores brasileiros da revista Granta. Eu a acompanho desde seu primeiro livro, A chave de casa, vencedor do prêmio São Paulo de Literatura. 

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21/05/2015

Como escrever para um jornal? Como, sendo escritora, ter dificuldade em escrever para um jornal? Não é qualquer jornal. Também não sou escritora renomada. A Voz da Serra é o jornal que eu lia quando comecei a ter gosto pela leitura, quando morei aqui em Friburgo, lá pelos meus 10 anos de idade. Agora volto à cidade e tenho a oportunidade de escrever para o jornal da minha infância, fundado pelo meu bisavô. Muita responsabilidade. 

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