Confesso que minha adaptação na Itália está sendo mais difícil do que foi na França nesses últimos quatro anos. Tudo bem que o francês é minha segunda língua, mas o fato de o italiano ser muito mais parecido com o português me deu a falsa impressão de que eu não teria problemas na comunicação. Ledo engano.
Max Wolosker
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
O fim de semana passado foi de encher os olhos. Fomos à cidade de Sépey, Cantão de Vaud, na Suíça, visitar nossa professora de francês, da época de Chambéry, em 2011. Uma sucessão de surpresas, uma seguida da outra foram acontecendo, transformando esses três dias em algo inesquecível.
Vindos de Chambéry, na França, chegamos a Castenedolo. A região é uma comuna (distrito) italiana da região da Lombardia, província de Brescia, com cerca de 9.256 habitantes, onde fica nossa casa, simples, mas aconchegante. Localidade tipicamente italiana, com casas e apartamentos de no máximo dois andares. A construção mais alta é a torre da igreja, com seu carrilhão que toca as horas, as meias-horas e os quarto de hora, difundindo o som em todas as direções, durante as vinte e quatro horas. Um porre.
Chegamos a Chambéry na sexta-feira, 29 de maio, após quase 24 horas de viagem, com muito frio e muita chuva. O voo do Galeão até o aeroporto de Heathrow foi tranquilo, com chegada sem atrasos. No entanto, a conexão para Genebra teve um atraso de duas horas, o que nos fez ficar parados por quase quatro horas. Ao chegarmos à Suíça, descobrimos que as malas da minha mulher tinham ficado fazendo turismo na capital inglesa.
Quando da publicação dessa coluna já estarei ausente da cidade, iniciando minha nova jornada rumo ao velho continente. Minha ligação com a Europa é forte, sanguínea mesmo, já que sou neto de poloneses e bisneto de italianos. Na minha última viagem, fiz questão de conhecer a cidade de Prezmysl (que em polonês se pronuncia algo parecido com “chemichil”), berço da família Wolosker. Fui também ao campo de extermínio de Belzec, túmulo dos Wolosker que não conseguiram emigrar de sua terra natal, antes do início do holocausto.
A chamada bombástica para o Jornal Nacional de quinta-feira, 14, dizendo que médicos peritos do INSS não examinavam os segurados ao decidir pela alta, abertura de benefício ou aposentadoria, deu a sensação de muita lenha para pouco fogo. Um jornal televisivo que já foi líder de audiência e o informativo a ser copiado pelas outras emissoras me deu a impressão de estar se valendo de qualquer coisa para recuperar o espaço perdido.
Conforme disse no meu artigo anterior, viajar é um dos passatempos que o aposentado tem para preencher o seu dia a dia, e como tempo é o que não nos falta, marquei minha próxima viagem para o final de maio. O planejamento é importante, pois quando comprei minhas passagens, a British Airways estava com promoções, o dólar abaixo de dois reais e cinquenta, e o euro não chegava a três reais.
Terminado o ciclo da medicina em minha vida, começo uma nova etapa, agora como jornalista em tempo integral. Nesses seis anos de aposentado no serviço público federal e a meia carga em meu consultório particular desde 2013, aprendi que o importante para quem pensa em parar é ter ou planejar uma atividade, mesmo que não seja remunerada. Isso é difícil, pois poucos são os profissionais que conseguem se manter com as migalhas que lhes paga o maior sanguessuga brasileiro, o próprio governo.
Hoje, quarta-feira, 29 de abril de 2015, é um dia muito especial para mim, pois finalizo mais um ciclo da minha vida, ao cerrar em definitivo as portas do meu consultório. “Descalço as chuteiras”, como se diz no jargão do futebol, após quase 41 anos de exercício pleno da arte de ser médico. Formado em 1974, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, permaneci no Rio de Janeiro até 1976, e após a conclusão do meu curso de especialização em Endocrinologia e Medicina do Trabalho subi a serra, onde efetivamente comecei minha carreira, em janeiro de 1977.
Aconteceu o improvável e, depois de dezoito anos, Botafogo e Vasco da Gama voltam a decidir o campeonato do estado do Rio de Janeiro. O time da estrela solitária se tornou finalista ao derrotar o Fluminense por 2 a 1 no tempo normal e na disputa de pênaltis, em que converteu nove dos onze possíveis, enquanto o Fluminense marcou apenas oito. O clube da Cruz de Malta credenciou-se à disputa do título ao passar pelo Flamengo, no último domingo, derrotando-o pelo placar de 1 a 0.