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Um fim de semana de tirar o folego
O fim de semana passado foi de encher os olhos. Fomos à cidade de Sépey, Cantão de Vaud, na Suíça, visitar nossa professora de francês, da época de Chambéry, em 2011. Uma sucessão de surpresas, uma seguida da outra foram acontecendo, transformando esses três dias em algo inesquecível.
Primeiro ao tomarmos conhecimento de que o chalé em que ela mora tem trezentos anos. Não só o dela, como o da maioria dessa região. Lógico está que muita coisa foi mudada por dentro, mas a estrutura em si permanece a mesma, construída com uma madeira resistente ao tempo e aos cupins. Numa região em que o acúmulo de neve pode atingir os dois metros de altura, com temperaturas muito baixas no inverno, a madeira é um auxiliar importante para manter as casas aquecidas. Fora o charme que essas construções dão ao local.
A segunda surpresa estava reservada para o sábado à tarde. Kristel nos pediu para acompanhá-la ao aeroclube de Lausanne, pois tinha de encontrar um amigo, professor da mesma escola em que ela trabalha. O que não sabíamos era que ele, além de professor, é piloto de avião nas horas vagas, sendo proprietário de um Cesna com quatro lugares. Conclusão, levantamos voo às duas e meia da tarde para um giro pelo lago de Lausanne e pelos alpes suíços. Se a Suíça já é linda vista de baixo, do alto é algo de tirar o fôlego. Fizemos uma panorâmica da cidade e do lago que também banha um pedaço da França e partimos para os Alpes e suas geleiras eternas. Infelizmente com o aquecimento global, elas diminuíram bastante nos últimos 50 anos, mas segundo Vincent, nosso piloto, houve uma pequena recuperação. Aliás, o cara é fera, tendo ganhado um concurso de piloto com a melhor aterrisagem. Foi casado com uma colombiana, tendo vivido alguns anos em Bogotá e em Quito. Em julho ele vai assumir o papel de guia de turismo e levar um grupo de suíços à Colômbia, por 18 dias, entre a capital e o interior do país.
No domingo pela manhã fomos visitar uma fazenda onde é fabricado o queijo L’Etivaz, cuja produção tem sessenta por cento destinadas à exportação, principalmente para a França. É um queijo com características artesanais, produzido entre 10 de maio e 10 de outubro, por cerca de 70 famílias que moram em cerca de 130 chalés, na região alpina e pré-alpina do cantão de Vaud, entre mil e dois mil metros de altitude. Por causa da quantidade de neve, no inverno, os trabalhos são interrompidos de novembro a abril. Uma das características principais da fabricação desse queijo é que, além do uso de grandes tachos em cobre, usa o fogo a lenha para a fermentação do leite, numa temperatura que não passa dos cinquenta graus centígrados. Após a prensagem da parte sólida, os futuros queijos repousam durante uma semana, sendo então, transferidos para as caves de Estivaz, onde a maturação completa dura de cento e trinta e cinco dias a vinte e dois meses. O mosto, a parte liquida, é usada para a alimentação do gado e como fertilizante.
A produção de leite é caseira e um evento muito apreciado e bonito é o cortejo das vacas descendo a montanha no início do inverno, por causa da neve e subindo, na primavera, quando os pastos nascem de novo.
Uma curiosidade que nos foi contada pelo dono da fazenda que vistamos é que os habitantes do local são obrigados a ter carro com tração nas quatro rodas. Como é uma localidade com pouco mais mil habitantes, nem sempre o trator de desbloqueio de estradas está disponível e a polícia rodoviária local impede a circulação de carros com tração normal, para evitar acidentes
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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