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Campeão
Campeão
Conquistado o 3º título na história do Friburguense na Segunda Divisão do Estadual do Rio. Depois do vice em 2011 (último acesso do clube), o time repetiu as conquistas de 1994 e 1997. Para quem gosta de coincidências algumas delas são animadoras. Assim, como em 97, o Frisão subiu sem garantia de enfrentar os grandes. Teve que passar por uma seletiva. Passou e foi sensação daquele estadual ficando por 12 anos na elite. Que se repita!
Perfeição na reta decisiva
A reta final do Friburguense na competição foi impecável. Mesmo com todo o desgaste físico de partidas seguidas e viagens, o time emplacou uma invencibilidade de sete partidas, sofrendo apenas dois gols, ambos nas finais com o América.
Promessa cumprida
A sólida defesa vem da promessa de Affonso de não levar gols nas partidas contra Artsul e Goytacaz que selaram o acesso. Além de defesas que valeram como gols, o goleiro goiano, apaixonado por Nova Friburgo, contou com seus excelentes zagueiros.
Melhor zaga do Estadual
Raniel foi o melhor zagueiro do Estadual. Júlio César foi a revelação da competição. E quando a dupla faltou, os reservas Bruno Leal e Magrão deram conta do recado. Bidu, quando deslocado da sua posição de origem (volante) também ajudou na proteção à meta do goleiro.
Maycon Douglas
Além do gol mais bonito da história do Friburguense e gol do ano no futebol brasileiro e quiçá mundial, Maycon Douglas foi peça chave no ataque tricolor. Não se pode resumi-lo, no entanto, só pelo golaço. Maycon Douglas brilhou pela visão de jogo e explosão nas arrancadas que deixaram bons adversários para trás.
O ataque
Destaque também para a raça de Dedé, que mesmo estando longe dos 100% nas partidas finais por questões físicas, fez esforço para ser a referência lá na frente e muitas vezes deixar Toshyia na boa para fazer gols decisivos como na final da competição. Por falar na partida decisiva, Ricardo foi essencial na conquista.
Vitinho
Chamou a atenção o grande campeonato feito por Vitinho. Mesmo ausente em campo nas partidas finais, ele foi fundamental na arrancada dada na metade do 1º turno. Diga-se de passagem, foi espelho do bom ambiente do time. Mesmo lesionado, foi a todos os jogos restantes, sendo quase mais um auxiliar técnico de Cadão.
Carreira promissora
O eterno capitão, símbolo de classe e lealdade, Cadão inicia a sua carreira de treinador de forma muito promissora. Com apenas dois anos como treinador, já conquista um título tão difícil. Cadão conseguiu junto com seu fiel escudeiro, Sérgio Gomes, implantar um sistema defensivo coeso que irritou os adversários. Um time seguro e que teve disciplina tática rara. Conseguiu unir o time e lidera-lo. Mais do que a experiência de capitão e de zagueiro, Cadão cresce como estudioso do futebol. Vai longe!
Jorge Luiz
Seria injusto não citar Jorge Luiz – o maestro. Reconhecido pela torcida e pelos seus companheiros de campo como tal, Jorge Luiz é de poucas palavras, mas no campo fala como poucos com a bola. É diferenciado, habilidoso e equilibrado. Fundamental nessa inesquecível conquista.
O que quase ninguém vê
Dentro das quatro linhas é fácil identificar os heróis de uma conquista. Fora delas, está aquilo que quase ninguém vê. O título desse ano merece um destaque especial a figura de José Eduardo Siqueira, ou simplesmente Siqueirinha. Não foram raras as vezes que se testemunhou o dirigente cortando grama do Eduardo Guinle ou mesmo lavando as roupas do time.
Siqueirinha
Com as dificuldades financeiras, Siqueira não teve só dupla função, mas inúmeras. Com um grupo tão comprometido – um dos mais comprometidos de todos os tempos – sorte que em nenhum momento ele precisou lavar roupa suja com o elenco. Foi na lavanderia mesmo, na falta de um funcionário para fazê-lo.
Desigualdades
Com um esporte cada vez mais caro e desigual, fazer futebol no interior requer mais dedicação do que se imagina. A poesia fica para os cronistas. Lá dentro, é calculadora na mão o tempo todo numa gestão de otimização dos escassos recursos.
Cotas de TV
Essa desigualdade será notadamente sentida na divisão das cotas de TV. Ninguém debaterá a importância dos quatro grandes receberem muito mais de verba, mas entre os pequenos a diferença financeira é gritante. Os times recebem por partidas. A cota que o Friburguense receberá, assim como o América, será quase metade, por partida, do que recebem Boavista e Madureira, por exemplo.
Dinheiro não é tudo
O grau de investimento que cada um pode fazer torna o confronto com eles mais difícil. No entanto, o Friburguense experimentou isso já na Série B, onde sua folha de pagamento estava entre as menores. Mesmo assim, sobrou nas partidas decisivas.
Credibilidade como chamariz
Mas mais do que possibilidades de investimento, a credibilidade dos dirigentes do Friburguense é um trunfo que atrai jogadores. Porque alguns clubes, mesmo com muito mais recursos, não pagam o que prometem e muitos atletas levam mantas de dirigentes inescrupulosos, com casos indo para a burocracia da Justiça. No Friburguense, ainda que possa existir eventuais pequenos atrasos, os compromissos são cumpridos à risca.
Comemorar
Ainda nessa semana, o clube faz os acertos com os atletas e já estipula o início dos treinamentos para a seletiva. Mas por agora, hora de celebrar a conquista, porque a vida pede também celebração. Que o futuro venha quando tiver que vir e seja tão bom quanto o agora!
Palavreando
“Se para a galeria do Friburguense vai mais um importante troféu, para Nova Friburgo, para o Rio de Janeiro e quiçá o mundo fica uma lição para gente mesmo, como seres humanos: sonhe e trabalhe por seu sonho. Tenha fé e privilegie a força do trabalho cuja melhor ferramenta é a dedicação. Se comprometa sem esmorecer, mesmo quando não é aposta. Há muitos times campeões, mas raros são os que nos ensinam tantas coisas. Esse Friburguense de 2019 é desses que a gente não esquece”.
Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.
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