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Nova Friburgo vira cidade grande
Na última sexta feira, 27 de abril, Nova Friburgo se inscreveu no rol das cidades grandes, da pior maneira possível. Uma pessoa estava chegando em casa quando se deparou com dois policiais, tremendo que nem vara verde e mais brancos que a cal. Tentando acalmá-los, perguntou do que se tratava e eles mostraram a viatura toda crivada de balas; disseram ainda que viram a morte de frente, ao serem metralhados no Alto de Olaria, ao fazerem uma ronda de rotina.
Mais tarde, estávamos no final do almoço, quando escutamos barulho típico de tiros de fuzil, vindos da direção do Cônego que é rota de fuga do Alto de Olaria. Foi quando tomamos conhecimento de que a região estava sob intenso tiroteio, com a polícia cercando o bairro e acuando os meliantes.
Num país em que temos uma deputada federal, codinome Maria do Rosário, que defende abertamente a atuação dos bandidos, que tem uma filha que faz apologia dos traficantes e os defende através das redes sociais, o que esperar de um futuro próximo? Num país no qual sua mais alta corte é composta por membros que volta e meia soltam bandidos de todos os níveis, o que esperar a longo prazo? Assassinamos a decência, a moral e os bons costumes substituindo-os pelo de que pior existe numa sociedade corrompida e corroída, acobertada por uma imprensa fajuta, comprada e sem escrúpulos.
Se o motorista da viatura tivesse sido atingido e impossibilitado de abandonar o local do ataque, certamente esses dois policiais estariam mortos, crivados de balas. Chefes de família, com um salário ridículo, que expõem a vida em defesa de uma sociedade que muitas vezes não reconhece o seu trabalho. Se ao contrário, tivessem acertado e matado seus agressores, teriam que responder a processos, sendo acusados por esses inconsequentes dos direitos humanos, por repórteres de meia tigela a vociferarem contra o seu trabalho. Teriam uma deputada de mau agouro a discursar em defesa de bandidos fortemente armados, alegando que eles também são filhos de Deus e trabalhadores.
Somos um país no qual a vida humana vale muito pouco, com uma justiça morosa e fajuta, com um código penal ridículo, pois bandidos portando armas exclusivas das Forças Armadas, podem transitar livremente, sem que haja uma punição à altura. No entanto, ter arma em casa para defesa da própria propriedade e da própria vida é crime inafiançável. Um país no qual um bandido ao ser morto por um chefe de família, vira vítima, deixando a pecha de assassino para quem defende sua própria vida. O mais cruel é que bandido vivo não paga impostos e quando preso gera um custo alto, pago por quem produz.
Nossos juízes esquecem o direito de propriedade, esquecem que o Estado tem o dever de garantir a qualidade de vida dos cidadãos. Quando ele falha, voltamos ao estado de barbárie, que imperou na Idade Média, do olho por olho, dente por dente. Esses julgadores esquecem também, que um ladrão ao entrar na casa de alguém, jamais foi convidado, o faz de maneira furtiva, disposto para o que der e vier, inclusive matar. A sociedade brasileira está a mercê de uma justiça caolha, com código civil obsoleto, ao ditar penas brandas para bandidos violentos e perversos.
Ainda bem que nenhum policial foi ferido ou morto neste confronto no Alto de Olaria. Afinal, como já foi dito, são chefes de família que ganham uma miséria para defender uma sociedade que muitas vezes não reconhece o seu trabalho. Como entre o joio e o trigo o primeiro é que se mantém, infelizmente, nenhum marginal, também, partiu dessa para pior.
Existe, uma pergunta que não quer calar: todos sabermos, principalmente nossas autoridades, quais são os morros mais perigosos de Friburgo, portanto, o que falta para um combate efetivo à criminalidade?
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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